Agência Brasil

17 de janeiro de 2011

Email Facebook Twitter WhatsApp Telegram

 

O ex-presidente do Haiti Jean-Claude Duvalier, conhecido como Baby Doc, retornou ao país no último domingo, 25 anos depois de ser deposto por uma revolta popular. Duvalier, 59 anos, chegou ao aeroporto da capital Porto Príncipe em um voo vindo da França, onde ele vivia exilado. Especialistas não sabem informar a razão do regresso de Duvalier. Porém, o ex-presidente afirmou que quer "ajudar o povo haitiano".

O retorno inesperado de Baby Doc ao Haiti ocorre no momento em que o país enfrenta uma crise política, uma epidemia de cólera e as dificuldades da reconstrução após o terremoto devastador do ano passado que matou mais de 250 mil pessoas.

O primeiro-ministro, Jean-Max Bellerive, disse que não há motivo para acreditar que a chegada de Baby Doc vá desestabilizar o país. "Ele é um haitiano e, como tal, é livre para voltar para casa", disse Bellerive.

Duvalier tinha apenas 19 anos quando herdou o título de "presidente vitalício" de seu pai, François "Papa Doc" Duvalier, que governou o país de 1957 a 1971. Baby Doc é acusado de corrupção, repressão e abuso de direitos humanos durante o tempo em que esteve no poder, de 1971 a 1986.

Como o pai, Baby Doc contava com uma milícia particular conhecida como os Tontons Macoutes, que controlava o Haiti usando violência e intimidação. Os Duvalier são tidos por analistas como dois dos mais violentos governantes da História.

Papa Doc reforçou sua imagem ameaçadora com um culto de personalidade baseado no vodu haitiano, mas Baby Doc era visto como um playboy. Em 1986, ele foi deposto por um levante popular após pressão diplomática dos Estados Unidos e fugiu para a França, onde vivia exilado, apesar de nunca ter recebido asilo político formal.

Em uma entrevista em 2007, Baby Doc pediu que o povo haitiano o perdoe por "erros" cometidos durante seu governo. Um pequeno grupo de partidários de Duvalier vinha fazendo uma campanha para que ele voltasse ao Haiti.

O retorno de Duvalier ao país ocorreu no dia em que deveria ocorrer o segundo turno das eleições presidenciais no Haiti, mas a votação foi adiada por causa de uma disputa em torno dos nomes que deveriam constar na cédula eleitoral.

O candidato governista, Jude Celestin, e o cantor Michel Martelly querem participar do segundo turno com a ex-primeira-dama Mirlande Manigat, considerada vencedora do primeiro turno, em 28 de novembro, em uma votação fortemente criticada por causa de relatos de fraude, violência e intimidação de eleitores.

Resultados provisórios anunciados em dezembro pelo conselho eleitoral apontavam Celestin como o segundo colocado, com pequena vantagem sobre Martelly. Mas os resultados provocaram protestos violentos por parte de partidários de Martelly, que alegou ter perdido o segundo lugar por causa de fraudes.

Fontes