Agência Brasil

Brasília, Distrito Federal, Brasil • 8 de julho de 2009

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O grupo de senadores que defende o afastamento de José Sarney (PMDB-AP) da presidência do Senado decidiu hoje (8) apresentar representação ao Ministério Público pedindo uma investigação ampla na administração da Casa. O presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), afirmou que os senadores buscarão apoios institucionais de partidos e de entidades da sociedade civil organizada para respaldar a representação.

“Não se trata de uma investigação pontual. Queremos uma investigação geral dos atos praticados no Senado”, afirmou o senador. Outra decisão tomada, após uma reunião no gabinete de Sérgio Guerra, é a cobrança da instalação imediata do Conselho de Ética.

Apesar de ser um colegiado permanente, nenhum partido indicou representantes para compor o Conselho de Ética na legislatura que teve início neste ano. O P-SOL já apresentou representação para que o conselho investigue a responsabilidade de Sarney em irregularidades administrativas denunciadas pela imprensa. Entre elas, a edição de atos secretos de contratação de pessoal.

O senador Pedro Simon (PMDB-RS), que participou da reunião, disse que o grupo está preocupado com um possível esvaziamento das manifestações pelo afastamento de Sarney da presidência. Segundo ele, esses senadores estariam “magoados” com denúncias divulgadas, nesta semana, contra o líder do PSDB, Arthur Virgílio Neto (AM), e o senador Tião Viana (PT-AC).

“Se não tiver categoria para cobrar responsabilidades, o Senado vai virar a 'casa da mãe Joana'. Já apareceram denúncias contra o Arthur Virgílio e o senador do Acre [Tião Viana]. Amanhã aparece contra outro e a cada dia perdemos credibilidade perante a sociedade. Daqui a pouco isso vai parecer chantagem”, afirmou o peemedebista.

O senador José Nery (P-SOL-PA) acrescentou que os parlamentares “não aceitarão nem vão discutir chantagens”. Ele disse ainda que os defensores do afastamento de Sarney vão adotar medidas práticas para promover a “faxina ética, administrativa e política de que precisa o Senado”.

Participaram da reunião os senadores Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Tasso Jereissati (PSDB-CE), José Nery (P-SOL- PA), Sérgio Guerra (PSDB-PE), Cristovam Buarque (PDT-DF), Álvaro Dias (PSDB-PR), Pedro Simon (PMDB-RS), Renato Casagrande (PSB-ES) e Marisa Serrano (PSDB-MS).

Nota do PT

Em nota divulgada à imprensa na tarde de hoje (8), a bancada do PT no Senado classificou a crise porque passa a Casa como “grave” e voltou a sugerir que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), se licencie temporariamente do cargo.

Segundo a nota, lida diante da bancada, pelo líder do partido, senador Aloizio Mercadante (SP), a crise é “estrutural, grave e envolve aspectos éticos e políticos”. A bancada petista também defende que a licença temporária de Sarney garantiria a credibilidade e o aprofundamento das investigações. O partido, porém, admite que a decisão de licenciar-se ou não cabe apenas ao próprio Sarney.

A nota comunica que a liderança do partido no Senado, em momento algum, exigiu que os senadores petistas abdicassem de suas posições pessoais sobre o licenciamento de Sarney, e que nem mesmo o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, teria exigido isso dos senadores.

O PT defendeu também a necessidade da ampliação das investigações sobre as recentes denúncias e manifestou a disposição “de promover ações políticas para uma reforma estrutural e urgente do Senado”, com propostas, como a criação de uma comissão suprapartidária para debater com a sociedade civil e especialistas a reforma do Senado, entre outras.

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