Agência Brasil

9 de novembro de 2009

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A convocação do presidente venezuelano, Hugo Chávez, aos militares do país para que eles se preparem para uma guerra contra a Colômbia deve dificultar a votação, no Senado brasileiro, do Protocolo de Adesão da Venezuela ao Mercosul. No programa semanal Alô Presidente, veiculado ontem (8), Chávez pediu à população que defenda o país contra eventuais invasões do território venezuelano por militares americanos e colombianos, a partir das bases instaladas na Colômbia.

O vice-líder do governo no Senado, Gim Argello (PTB-DF), afirmou à Agência Brasil que o ato de Chávez “vai ser um complicador” para a votação do documento na quarta-feira (11), como foi acordado entre o presidente José Sarney (PMDB-AP) e alguns líderes, na semana passada.

DEM e PSDB devem tomar providências já no início desta semana para tentar inviabilizar a votação da matéria. O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Demóstenes Torres (DEM-GO), pretende pedir ao líder de seu partido, José Agripino Maia (RN), que converse com Sarney para suspender a votação na quarta-feira.

“Vamos mostrar que mais uma vez Hugo Chávez tenta incendiar o continente”, afirmou Torres.

Já o vice-líder do PSDB, Álvaro Dias (PR), afirmou que o seu partido defenderá, no plenário, que o Senado suspenda as discussões sobre o apoio brasileiro ao ingresso da Venezuela ao Mercosul. Na sua avaliação, o próprio presidente do Senado tem adotado a postura de delegar ao plenário decisões desta envergadura.

O tucano acrescentou que esta postura não impede os líderes de conversarem com José Sarney para transferir a votação da matéria até que fique mais clara a postura adotada pelo presidente da Venezuela.

O senador Renato Casagrande (PSB-ES), considera necessário estudar melhor este assunto até quarta-feira. Ele reconheceu, no entanto, que Hugo Chávez em nada ajuda o governo brasileiro para viabilizar a aprovação do protocolo no Senado.

Casagrande afirmou que com declarações desse tipo o venezuelano só cria problema para a base do governo que é favorável ao ingresso do país ao Mercosul.

As declarações de Chávez foram feitas em um momento de crescente tensão na fronteira com a Colômbia e da assinatura de um acordo militar entre os governos colombiano e americano, segundo informações da BBC Brasil.

“Senhores oficiais, a melhor forma de evitar a guerra é preparando-se para ela”, afirmou Chávez, durante o programa dominical de rádio e TV Alo Presidente. "Não percam tempo em cumprir com o dever de preparar-nos para a guerra e ajudar o povo a preparar-se para a guerra, porque é uma responsabilidade de todos”, disse.

A crise diplomática entre Colômbia e Venezuela se aprofundou nas duas últimas semanas, quando dois militares venezuelanos foram assassinados no Estado fronteriço de Táchira por supostos paramilitares.

Fontes