Agência Brasil

23 de dezembro de 2010

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A França pediu que 15 mil cidadãos franceses abandonem temporariamente a Costa do Marfim “como precaução”, por causa da instabilidade política. De acordo com a BBC, a crise gerada pela conturbada eleição presidencial de 28 de novembro também fez com que o Banco Mundial (Bird) congelasse os empréstimos para o país.

Localização de Costa do Marfim.

A informação foi confirmada pelo presidente da instituição, Robert Zoellick, depois de um encontro com o presidente francês, Nicolas Sarkozy. Ele anunciou também que o escritório do Bird em Abdijan (maior cidade da Costa do Marfim) foi fechado. Em um comunicado, o banco multilateral informou que a medida é “uma mensagem ao presidente Gbagbo de que ele perdeu as eleições e precisa deixar o poder.”

De acordo com agências internacionais, o presidente Laurent Gbagbo convidou um comitê internacional para examinar os resultados da eleição presidencial de 28 de novembro. A Comissão Eleitoral deu vitória ao candidato da oposição, Alassane Ouattara. Mas a Corte Constitucional reviu os números e inverteu a decisão em favor de Gbagbo, alegando fraude em alguns distritos.

Em um comunicado na televisão pública do país, Gbagbo disse “não querer nova guerra [civil]” e, por isso, abre as portas à comissão internacional que pode, segundo ele, ser liderada pela União Africana e envolver a Organização dos Países do Oeste da África (Ecowas), as Nações Unidas (ONU), os Estados Unidos, a União Europeia, além de Rússia e China, que reconheceram Ouattarra como vencedor das eleições.

Mesmo com a pressão internacional para deixar o poder, Gbagbo mantém-se no cargo com apoio da Justiça e das Forças Armadas marfinenses. Os militares devem suspender nesta quarta-feira (22) o toque de recolher noturno, em vigor desde o dia da votação do segundo turno.

Esta foi a primeira eleição no país em dez anos. As tentativas anteriores, desde 2005, foram abortadas por causa da insegurança e da instabilidade política. Em 2002, uma tentativa de golpe foi frustrada pelo governo, que manteve-se no poder, mas sem recuperar o controle da Região Norte, e que levaram a Costa do Marfim a dois anos de guerra civil. Maior produtor de cacau do mundo e polo de atração de investidores na década de 1990, a Costa do Marfim viu o interesse estrangeiro desaparecer.

Nos últimos dias, episódios de violência já teriam deixado mais de 50 mortos, segundo a ONU. A Nigéria retirou o embaixador do país depois de a embaixada ter sido atacada. O país havia proposto a Gbagbo que entregasse o poder e fosse para o exílio.

Na segunda-feira, o Conselho de Segurança da ONU renovou o mandato da força de paz na Costa do Marfim por mais seis meses. O organismo denuncia que os esforços humanitários estão sendo bloqueados pelo governo marfinense.

Fontes