13 de julho de 2009

link=mailto:?subject=Crítica%20-%20"A%20Proposta",%20com%20Sandra%20Bullock%20e%20Ryan%20Reynolds%20–%20Wikinotícias&body=Crítica%20-%20"A%20Proposta",%20com%20Sandra%20Bullock%20e%20Ryan%20Reynolds:%0Ahttps://pt.wikinews.org/wiki/Cr%C3%ADtica_-_%22A_Proposta%22,_com_Sandra_Bullock_e_Ryan_Reynolds%0A%0ADe%20Wikinotícias Facebook Twitter WhatsApp Telegram

 

A Proposta”, de Anne Fletcher (“Vestida para Casar”), segue uma fórmula já explorada à exaustão: trata-se de uma comédia romântica simples (risadas + certeza de happy end = sucesso de bilheteria), com personagens que, depois de ódio mútuo inicial, se apaixonam ao fim da trama, ou melhor, se apaixonam na medida em que brigam, um velho paradoxo cinematográfico. No entanto, o filme convence por dois aspectos até certo ponto surpreendentes: a desenvoltura com que a atriz Sandra Bullock (“Miss Simpatia”, “Velocidade Máxima”), em seu retorno ao gênero, dá vida a Margaret Tate, chefe de uma editora de livros; e o estilo com que são colocadas as situações eventualmente engraçadas da trama. O espectador mais atento pode até mesmo observar uma ligeira inspiração nos filmes dos irmãos Coen. Mas antes das primeiras pedras, clarifiquemos o raciocínio.

Há no personagem de Denis O’Hare (Mrs. Gilbertson, detetive do Departamento de Imigração) um quê de coro grego – artífice supletivo usado como pausa no desenvolvimento dramático, herança da tragédia clássica grega. O mesmo pode ser observado, por exemplo, nos personagens de J.K. Simmons e Matt Walton em “Queime Depois de Ler”, dos irmãos Coen – eles fazem comentários sobre o desenrolar dos acontecimentos, com ironia sutil. Com a profusão de desencontros e confusões na construção narrativa, esse tipo de personagem funciona praticamente como representação de hipotéticas “impressões” do espectador, transferindo para a tela os comentários analíticos que ele eventualmente poderia fazer durante a sessão.

Ou seja, antes que um indivíduo se sinta confuso com o desenvolvimento da trama, cabe a um determinado personagem observar isso e, utilizando-se do sarcasmo, “caçoar” o roteiro do qual o próprio pertence. Mrs. Gilbertson tem esse perfil. E isso fica ainda mais evidente no encerramento do filme, com a cena em que sobem os créditos. O’Hare entrevista praticamente todos os personagens, porém a câmera foca apenas nos entrevistados, isto é, Fletcher faz da câmera os olhos de O’Hare, o que direciona a visão do público. Certamente, é a grande sacada do filme e o que tem potencial para notabilizá-lo em uma discussão a respeito das várias obras do gênero comédia romântica.

Fontes