16 de abril de 2021

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Por RBA

Em comunicado divulgado na quinta-feira (15), a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) alertou que as falhas na resposta à covid-19 estão levando o Brasil a uma “catástrofe humanitária”. De acordo com a entidade internacional, “a falta de vontade política de reagir de maneira adequada está causando a morte de milhares de brasileiros”.

O comunicado faz um “apelo urgente” às autoridades brasileiras para que “reconheçam a gravidade da crise e coloquem em marcha uma resposta centralizada e coordenada para impedir que continuem ocorrendo mortes que podem ser evitadas”. Nesta quarta-feira (14), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) alertou que, em mais de 12 meses desde o início da pandemia, o surto da covid-19 continua descontrolado. Situação que pode se estender ainda por todo o mês de abril.

Ao todo, 361.884 vidas já foram perdidas desde março de 2020. A organização adverte que, na semana passada, 11% do total de novos casos e 26,2% das mortes ocorridas em todo o mundo aconteceram no Brasil. Para a MSF, estas “cifras estarrecedoras são indicativo claro da falta de habilidade das autoridades em lidar com a crise humanitária e de saúde”. O presidente internacional da entidade, Christos Christou, aponta a mortalidade como consequência das ações que transformaram as medidas de saúde pública em “tema de disputa política”.

O negacionismo do governo federal

“O governo federal praticamente se recusou a adotar diretrizes de saúde pública de alcance amplo e com base em evidências científicas, deixando às dedicadas equipes médicas a tarefa de cuidar dos mais doentes em unidades de terapia intensiva, tendo que improvisar soluções na falta de disponibilidade de leitos. Isto colocou o Brasil em um estado de luto permanente”, observa o presidente da MSF.

A organização lembra ainda que a ocupação dos leitos de UTI no país é superior em pelo 19 das 27 capitais a 90%. Hospitais de várias regiões também já estão com “estoque crítico” de oxigênio e sedativos essenciais para intubação de pacientes em estado grave da doença. A diretora-geral da MSF, Meinie Nicolai, faz o alerta de que, além da emergência para que se cheguem os suprimentos médicos necessário, é preciso também garantir “o uso de máscaras, distanciamento físico, medidas de higiene e restrições a atividades não essenciais”.

Ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, em 1999 e conhecida por prestar ajuda médica às populações em situações de emergência, a entidade começou as atividades no Brasil em 1991, atuando desde o controle da epidemia de cólera ao surto de malária. Na pandemia de covid-19, as equipes passaram a prestar assistência à população em situação de rua. E com o avanço do coronavírus, o atendimento foi estendido, principalmente no Amazonas.

Pandemia sem freios

A organização descreve agora que “a devastação que as equipes de MSF testemunharam pela primeira vez no Amazonas se tornou uma realidade na maioria do território brasileiro”. Os médicos também notam que os profissionais da áreas estão cada vez mais “exaustos e sofrendo traumas” devido às condições de trabalho. A MSF critica que o contingente de pelo menos 15 mil médicos estrangeiros e brasileiros formados no exterior, e que perderam o emprego com o fim do programa federal Mais Médicos, não possam prestar assistência neste momento de crise.

A MSF avalia ainda que o “grande volume de desinformação” durante a pandemia “alimenta o ciclo da doença e da morte no Brasil”. “Medicamentos como a hidroxicloroquina (usada geralmente contra malária) e ivermectina (um vermífugo) são apregoados por políticos como panaceia”, contestam. Outro problema no Brasil, ainda segundo a organização, é o ritmo lento de vacinação mesmo diante do surgimento de novas variantes.

A entidade médica conclui que as autoridades acompanham o avanço da covid-19 sem freios. A resposta à pandemia precisa urgentemente de um recomeço”, citam. “Baseado em conhecimentos científicos e bem coordenado, para evitar mais mortes desnecessárias e a destruição de um sistema de saúde conceituado e prestigiado.”

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