Brasil • 24 de maio de 2006

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Segundo a Agência Brasil, o coordenador do Movimento Nacional de Direitos Humanos, o advogado Ariel de Castro, declarou ontem (23) que pelo menos 30 pessoas podem ter sido vítimas inocentes da polícia ou de forças clandestinas ligadas a policiais durante o confronto das autoridades de São Paulo com integrantes do crime organizado. Desde semana passada, a polícia de São Paulo promove ações especiais para combater a organização Primeiro Comando da Capital, que na semana passada promoveu uma onda de terror por todo o Estado de São Paulo e assustou o país.

O advogado disse que os casos foram apurados com base em reportagens publicadas em jornais e em contatos que entidades ligadas aos direitos humanos tiveram com familiares e comunidades, principalmente com o Centro de Direitos Humanos de Sapopemba, o Centro Santo Dias de Direitos Humanos da Arquidiocese de São Paulo e o Centro de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de São Paulo.

Para a Agência Brasil o advogado relatou:

"São relatos sobre pessoas que teriam sido assassinadas de forma brutal em possíveis execuções sumárias, algumas delas até estavam voltando do trabalho ou da escola, principalmente jovens, pobres ou negros", disse. "Em muitos desses casos, segundo as comunidades e as famílias das pessoas, foi verificado que elas pessoas não tinham nenhum envolvimento com a criminalidade".

Segundo ele, as mortes ocorreram em bairros periféricos da cidade e em regiões onde tradicionalmente existe a violência policial, como em Sapopemba, na zona leste, e no Parque Santo Antônio, na zona sul.

O advogado alega que houve ataques a bases policiais comunitárias em Sapopemba, mas que não houve morte de policiais. "Mesmo assim, houve retaliações e, pelo que temos verificado, elas acabaram sobrando não para líderes do crime organizado, mas para muitas pessoas, principalmente jovens pobres, que não tinham nada a ver, que estavam simplesmente no lugar errado, na hora errada. E muitas vezes o lugar errado era na frente da casa onde moravam".

De acordo com o coordenador do Movimento Nacional de Direitos Humanos, pelo menos 30 pessoas teriam morrido "tanto vítimas de violência policial quanto de grupos de extermínio que voltaram a atuar, principalmente neste período do início da semana passada".

Ariel de Castro disse que grupos de extermínio costumam estar de alguma forma relacionados a policiais. "Mas não poderíamos dizer de antemão que são policiais que estão por trás desses grupos. Essa é uma das hipóteses mais prováveis", advertiu.

Ele mencionou ainda o caso do escritor Reginaldo Ferreira da Silva (ou "Ferréz"), que fez denúncias de pelo menos 24 assassinatos e que "teve que sair da cidade por medo de represálias, dizendo que sofreu ameaças depois de ter denunciado as supostas execuções".

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Fontes