Brasil • 29 de janeiro de 2015

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O Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) fez hoje (29), no Rio de Janeiro, o debate Charlie Hebdo - Terrorismo e Liberdade, para discutir causas e razões do ataque a jornal por fundamentalistas islâmicos, que resultou na morte de 12 pessoas no último dia 7. Ao participar do encontro, a consulesa da França no Brasil, Alexandra Baldeh Loras, disse que o debate sobre o tema deve ser o mais amplo possível, com a participação de todos os segmentos da sociedade, com o objetivo de evitar o incitamento ao ódio social.

Para ela, os franceses repetem hoje o que foi feito com os judeus na 2ª Guerra Mundial. Na época da guerra, uma parte da população foi excluída e mandada para campos de extermínio. "Isso também é um tabu para a França”. O país tem que assumir o seu passado de 400 anos de escravidão e 300 anos de colonização, “que são a riqueza da França hoje”. Alexandra lembrou que esses povos lutaram para que a França se tornasse um país livre e, depois, árabes e africanos ajudaram a reconstruir a França “E hoje não queremos ver a figura da França multicultural, multirracial, que é uma coisa maravilhosa”, lamentou.

Descendente de judeus e de muçulmanos, ela defende que se coloque nos livros escolares franceses as grandes figuras de negros, árabes e judeus que ajudaram a construir a história da França, para mostrar que "todas as etnias trouxeram coisas boas para este mundo". Ela enfatizou que, em um mundo onde, no máximo, 30% são brancos, já não dá mais para escutar bobagens, como as que relatam que as coisas maravilhosas foram feitas somente por brancos.

Mesmo que perca a posição de consulesa, Alexandra não pretende ficar quieta. Ela promete ser porta-voz das minorias, mas que não quer fazer política, somente compartilhar sua experiência como descendente de minorias, de imigrantes, “mas também francesa”. Para ela, ainda existe apartheid social e racial na França. “É muito difícil a pessoa se desenvolver como ser humano quando vê só escravidão, colonização e, pelas mídias, só violência, apontando que se é violento, indesejável na França.”

Alexandra acrescentou que a Justiça praticada na França não é a mesma para quem comete corrupção - para branco, negro ou descendente de imigrantes. Em sua opinião, esse conjunto de fatores acaba contribuindo para levar os jovens para o terrorismo contra os próprios franceses.

Fontes