Joinville, Santa Catarina, Brasil • 19 de agosto de 2008
Foi condenado na sexta-feira, dia 15, a 20 anos na prisão, o pedreiro Oscar Gonçalves do Rosário, de 23 anos, acusado de manter relações sexuais, torturar e assassinar a menina Gabrielli Cristina Eichholz, de 1 ano e 7 meses, na cidade de Joinville (a maior cidade do Estado de Santa Catarina), no julgamento que durou mais de 21 horas, que chocou o Brasil que ficou conhecido como Caso Gabrielli. Os parentes criticaram a pena dada ao assassino, por causa da brutalidade que fez contra a menina, embora afirmem que a justiça foi feita.
Assassinato
Na manhã do dia 3 de março de 2007, Gabrielli Cristina, foi encontrada desacordada dentro da pia batismal da Igreja Adventista do Sétimo Dia, situada no bairro Iririú, em Joinville, por participantes que estavam no culto de reinauguração da igreja.
Gabrielli foi socorrida por duas mulheres que acompanhavam o culto e durante o trajeto entre a igreja e o hospital, elas tentaram manter a menina viva prestando os primeiros socorros (massagem toráxica e respiração boca-a-boca).
No hospital Regional a menina foi atendida, primeiramente, pela pediatra Lusinete Soares que observou que o atendimento começou exatamente às 10h05min, segundo a médica, a criança foi entregue a ela por duas mulheres que diziam que trabalhavam na área da saúde. "Já atendi muito afogamento, e parecia ser mais um. A menina chegou com os cabelos e as roupas molhadas, com um vestidinho jeans, camiseta e fralda. Ela não tinha calcinha, mas a fralda estava bem colocada. Ela estava hipotérmica (fria), sem batimentos e sem respiração”, explicou a médica.
A Dra. Lusinete relatou ainda, suas providências para tentar reanimar a menina: “Foi preciso tirar a roupa para aquecê-la e depois entubar. Foi quando notei um forte cheiro de fezes. Tirei a fralda e as fezes saíam sem parar. A fralda não estava molhada como a roupa, estava seca, limpei a menina, joguei a fralda no lixo e coloquei outra. Tentamos reanimá-la por 45 minutos”, disse.
Suspeitos
Diante da grande quantidade de crimes sexuais cometidos contra crianças, na ocorrência da menor suspeita os profissionais informam as autoridades para que sejam tomadas as providências necessárias. No caso de Gabrielli não havia nas roupas ou na menina qualquer indício de esperma ou algo parecido, mas a médica desconfiou que algo poderia não estar certo porque no pescoço da menina, lado direito, havia pontos pontos vermelhos na pele, semelhantes as deixadas por picadas de pulgas ou pernilongos, e que se manifestam em virtude de trauma local ou até mesmo doença e como o ânus continuava dilatado e haveria uma pequena lesão interna, a médica resolveu avisar a polícia. “Depois que demos ela por morta, ela ficou no necrotério até vir o IML”, concluiu a médica pediatra.
Ainda no dia da morte de Gabrielli, foi informado à polícia que a menina havia sido entregue para um homem que teria se identificado como o pai de Gabrielli, que foi posteriormente negada em depoimento por uma das monitoras que cuidava da menina, mas no dia dos fatos o homem que se passou por pai de Gabrielli foi descrito por uma criança de 7 anos como um senhor moreno-claro, cabelos encaracolados, com idade aparente de 30 anos, vestindo camisa verde e calça jeans. Diante desta informação, iniciou-se uma investigação para apurar a morte ocorrida dentro da igreja.
Trabalhando com a hipótese de homicídio, ainda no sábado um homem chegou a ser preso e depois de prestar depoimento foi liberado pelo delegado de plantão, Rubens Passos de Freitas, por falta de provas contra ele.
No dia seguinte ao ocorrido, o laudo do IML assinado pelo médico João Koerich, que não é legista dos quadros do IML, apontava para a tese de abuso sexual. O atestado de óbito apontou que a morte foi causada por afogamento e traumatismo encefálico, com lesões nas partes íntimas e hematomas no pescoço.
Repercussão no Brasil
Diante do atestado de óbito que indicava a ocorrência de uma brutalidade sem tamanho o caso tomou proporções nacionais. Todos aqueles que tomaram conhecimento do ocorrido se revoltaram e queriam a prisão do criminoso o mais rápido possível, alguém com coragem de cometer um ato daquele dentro de um templo religioso não poderia ficar solto e o caso foi notícia em vários jornais do país.
O pastor distrital Izaque dos Santos esclareceu que era impossível para o pastor e para os fiéis terem percebido o momento no qual o assassino deixou a criança no tanque batismal. Na mesma notícia havia a descrição do local onde a menina foi encontrada "com 1,60 m de altura e construído ao lado do púlpito (altar principal), o tanque tinha cerca de 20 centímetros de água, colocada para fazer teste de vazamento. Da sala de estudos onde Gabrielli foi deixada pelos primos até o púlpito, a distância é de 20 metros. Para ter acesso ao tanque é necessário subir cinco degraus e depois descer mais três. A sala de estudos onde a menina foi deixada não tem portas nem janelas".
Durante as investigações mais dois suspeitos foram ouvidos: um homem de 23 anos que foi preso em Alegrete, Rio Grande do Sul, após informações dadas por um pastor de uma Igreja Adventista que relatou que aquele possuia antecedentes criminais por roubo em Joinville e que a família residia no município catarinense. O homem foi ouvido pelo delegado Ailton Amilcar Machado, na delegaciado município de Alegrete e liberado por falta de provas; a outra pessoa a ser ouvida foi o companheiro de Márcia Machado, prima da mãe de Gabrielli e este se tornou o principal suspeito da morte da menina. O rapaz de 17 anos se propôs a fazer teste de DNA para comprovar sua inocência.
O material retirado do rapaz foi enviado ao Instituto Geral de Perícias de Florianópolis para comparações.
A polícia ouviu mais de cem pessoas. O delegado Rodrigo Bueno Gusso, que coordenou as investigações sobre a morte de Gabrielli, chegou a dizer que o crime poderia ter sido premeditado e o delegado-chefe da Polícia Civil de Santa Catarina, Maurício Eskudlark, concluiu que a vítima conhecia o assassino, pois não sairia da sala acompanhada por um estranho.
Prisão
Depois de dez dias de investigação a polícia prende em 13 de março um homem de 22 anos em sua casa no Bairro Cristo Rei, Canoinhas (SC). Este homem é Oscar Gonçalves do Rosário, natural de Canoinhas, Oscar estava em Joinville desde dezembro de 2006, ele é pedreiro e contou que trabalhava em uma obra, mas não na construção da igreja.
Ele prestou depoimento na delegacia de Canoinhas e foi levado logo em seguida para Joinville sob forte aparato policial. Dois delegados e vários policiais da delegacia de Joinville e da Delegacia de Homicídios acompanharam o depoimento de Oscar em Canoinhas.
Conforme foi divulgado pela polícia, Oscar teria descrito a cena do crime com riqueza de detalhes o que comprovaria ser mesmo ele o autor do crime.
Confissão
Além de um forte aparato policial, um promotor e um juiz da cidade acompanharam o trabalho de reconstituição realizado pela polícia de Joinville. O delegado Rodrigo Bueno Gusso divulgou a imprensa como teria sido cometido o crime.
Segundo a reconstituição o acusado estava bêbado quando cometeu o crime, ele passava na frente da igreja quando viu a menina brincando no pátio. Segundo consta, ele adentrou a igreja pela porta que dá acesso ao corredor do banheiro.
Já dentro do prédio tentou violentar a criança, como não conseguiu, estrangulou a pequena Gabrielle para evitar que ela chorasse e, enquanto a criança permaneceu caída no chão, se masturbou, atirando posteriormente o corpo da menina dentro do pia batismal e saindo da igreja sem maiores problemas.
Fontes
- Nadita Martins. Gabrielli Cristina Eichholz x Oscar Gonçalves do Rosário - Duas vítimas de uma morte — Blogspot, 20 de julho de 2007
- Acusado da morte de Gabrielli Cristina Eichholz será julgado
. — Brasil Contra a Pedofilia, 23 de maio de 2008 - Acusado de matar criança em pia batismal é julgado em Joinville [inativa] — O Globo Online, 14 de agosto de 2008. Página visitada em 19 de agosto de 2008
. Arquivada em 22 de agosto de 2008 - Brasil: Pedreiro é condenado a 20 anos por morte de menina — BandNews, 15 de agosto de 2008
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