Agência Brasil

3 de outubro de 2016

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Em uma votação apertada, a população da Colômbia rejeitou o acordo de paz assinado entre o governo da Colômbia e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). No plebiscito feito ontem (2), com 99,93% das urnas apuradas, 50,21% da população respondeu não à pergunta: “Você apoia o acordo final para o fim do conflito e a construção de uma paz estável e duradoura?”. O sim somava 49,77% dos votos.

O plebiscito teve 12.803.986 de votos válidos e 13.061.087 votos totais. O número de eleitores que se cadastraram para votar foi 34.899.945 e 37,42% compareceram às urnas.

O presidente da Colômbia, Juan Manoel Santos, fez um pronunciamento à nação após o resultado do plebiscito e disse que amanhã (hoje, dia 3) irá convocar todas as forças políticas, em particular as que se manifestaram pelo não, para escutá-las, abrir espaço de diálogo e determinar o caminho a seguir. Santos disse ainda que representantes do governo vão procurar os negociadores das Farc para dar informações sobre o resultado desse diálogo político

“Vamos decidir, entre todos, qual o caminho que devemos tomar para que essa paz que todos queremos seja possível e saia mais fortalecida dessa situação, Não me renderei, seguirei buscando a paz até o último minuto do meu mandato porque esse é o melhor caminho para deixar um país melhor para nossos filhos”, disse.

Santos disse que a vitória no “não” ocorreu por uma margem apertada e que a decisão democrática tomada no plebiscito não vai abalar a ordem pública. “Escuto os que votaram não e os que votaram sim”.

Depois do pronunciamento de Santos, as FARC divulgaram um comunicado, lamentando “o poder destrutivo daqueles que semearam o ódio e o rancor” na Colômbia, convencendo a população a rejeitar os acordos de paz. Mas os 7 mil guerrilheiros do grupo também se comprometeram a manter o cessar fogo e usar “apenas a palavra como arma no futuro”.

Quatro anos de negociação

O acordo de paz foi assinado no dia 26 de setembro como forma de colocar fim a uma guerra de mais de 50 anos e é fruto de quatro anos de negociações entre o presidente da Colômbia, Santos, e o líder das FARC, Rodrigo Londoño Echeverri, conhecido como Timochenko.

Os termos do acordo de paz preveem que os 7 mil guerrilheiros das Farc que restam entregariam suas armas em um prazo de seis meses e seriam incorporados à vida civil, com direito a formar seu próprio partido político e disputar eleições.

Outro item é a previsão de uma anistia, mas não para aqueles que cometeram crimes contra a humanidade. O documento ainda traz a decisão de fazer uma reforma agrária e por fim ao cultivo de drogas ilegais, que ajudaram a sustentar as FARC.

O ex-presidente Andrés Pastrana (que presidiu o país entre 1998 a 2002, quando tentou negociar com as FARC a partir de 1999 e cujo acordo fracassou em 2002) foi um dos partidários do “não”, junto com o ex-presidente e sucessor Alvaro Uribe (presidente do país entre 2002 a 2010). Uribe, por sua vez, defendia que o atual presidente adotasse o mesmo método que ele quando esteve na Presidência da Colômbia: atacar militarmente os guerrilheiros. Sobre o acordo assinado por Santos, ambos argumentam que o atual presidente colombiano cedeu demais para as FARC sem necessidade, pois a guerrilha que, no seu auge, tinha 20 mil pessoas, foi reduzida a um terco.

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