22 de abril de 2020

Email Facebook Twitter WhatsApp Telegram

 

Edifício do Ministério da Saúde do Chile, em Santiago

Em entrevista ao jornal La Tercera, o ministro da saúde do Chile, Jaime Mañalich, anunciou que as autoridades do país estão começando a emitir "cartões para imunes", com objetivo de identificar pessoas que já tiveram o COVID-19. As autoridades sugerem que esses cidadãos têm uma imunidade à reinfecção e, ao mesmo tempo, não poderão infectar outros. O documento aprovado — de acordo com Mañalich — pela Organização Mundial da Saúde (OMS), será em formato eletrônico.

Os cartões começarão a ser emitidos na próxima semana, mas rumores sobre sua aparência começaram a surgir nos jornais algumas semanas antes do anúncio oficial. Mañalich também disse que "o pior ainda está por vir", e um pico no número de casos é esperado em maio. A temporada de gripe que está se aproximando — devido ao iminente início do inverno no hemisfério sul — provavelmente aumentará ainda mais a pressão sobre o sistema de saúde chileno.

Em 19 de abril, a vice-ministra da saúde, Dra. Paula Daza, disse a repórteres que "devemos aprender a viver de forma diferente" e que os chilenos devem "gradualmente retomar suas vidas". Para obter o documento, é preciso realizar um teste que aponte a presença de anticorpos ao vírus SARS-CoV-2. O Chile é o líder entre os países da América Latina no número de testes realizados. Segundo Daza, 4.338 cidadãos do país atendiam aos critérios especificados.

A iniciativa foi criticada por especialistas e políticos: eles afirmam que os pacientes recuperados não são imunes à reinfecção. Além disso, questionaram a precisão dos testes de anticorpos. Por exemplo, o ex-ministro da saúde, Dr. Jorge Jimenez de la Hara, em entrevista ao The New York Times, observou a inconsistência dos relatórios do governo e apontou que "as últimas decisões sobre a introdução da certificação de imunidade são baseadas em dados científicos fracos".

Hoje, os países devem ter muito cuidado com os testes que usam para determinar o status [imune] de uma pessoa. Atualmente, existe uma grande incerteza sobre quais tipos de testes serão aplicados a longo prazo e qual será a eficácia deles.
—Mike Ryan, diretor executivo do Programa de Emergências em Saúde da OMS

As autoridades chilenas introduziram quarentena parcial, cuja eficácia é notavelmente diferente mesmo em diferentes partes da capital, a cidade de Santiago. Se a praça central da cidade "é um pouco como a Índia" — onde unidades policiais e militares realizam uma busca rigorosa de todos—, um pouco mais abaixo na rua principal, a situação provavelmente "lembra a Suécia" com sua abordagem suave à pandemia. Os mercados estão cheios de compradores e muitas lojas estão abertas.

Até o momento, foram registradas 147 mortes em um país com 18 milhões de habitantes. Na terça-feira, 325 novos casos foram confirmados, resultando em um número total de 10.832 infectados. O vírus foi introduzido no país por pessoas que voltaram ao Chile após as férias de verão na Europa. A professora de medicina da Universidade Católica do Chile, Paula Bedregal, está preocupada com o fato do vírus "estar começando a aparecer cada vez mais nas populações mais vulneráveis".

O governo chileno declarou que um sistema de quarentena parcial funcionará por vários meses, pelo menos até o final do inverno. Em 19 de abril, Mañalich anunciou que seu cancelamento está planejado "não antes de agosto ou setembro". Ao mesmo tempo, ele criticou as atividades da mídia no país — afirmando que a "imprensa chilena está ocupada vendendo suas próprias mentiras à população". A Associação Nacional de Imprensa do Chile, classificou a declaração do ministro da saúde de "infundada".

Fontes