Líbia • 25 de fevereiro de 2015

Email Facebook Twitter WhatsApp Telegram

 

A Líbia ameaça se tornar uma nova Síria, devido à crescente implantação de grupos islâmicos radicais, afirmou hoje (25) o ministro dos Negócios Estrangeiros líbio, Mohamed Dayri, que também defendeu o armamento, pelo Ocidente, das forças líbias que combatem os jihadistas. “O tempo urge”, disse Dayri, em entrevista durante uma breve visita, na noite de terça-feira (24), a Paris. “O terrorismo não constitui apenas um perigo para a Líbia e os países vizinhos, trata-se de uma ameaça que se intensifica contra a Europa”, acrescentou o ministro.

Dayri alertou que, na ausência de uma solução política, a Líbia pode ser conduzida a uma verdadeira guerra civil, como pcorreu na Síria. Ele lembrou que a Líbia, confrontada com diversas milícias rivais, mergulhou no caos. Rica em petróleo, a Líbia é hoje dirigida por dois parlamentos rivais, um próximo das milícias islâmicas que controlam a capital, Trípoli, e outro reconhecido pela comunidade internacional e instalado em Tobruk, na região leste.

O ministro, que integra o Executivo de Tobruk, sublinhou que o grupo Estado Islâmico já controlava duas cidades (Drena, no Leste, e Syrte, no Centro), “tem reféns” e está presente em Trípoli, onde em janeiro cometeu um atentado contra um hotel que acolhia autoridades locais e estrangeiras.

Dayri estimou que cerca de 5 mil jihadistas estão em território líbio e, assim como na Síria, muitos dos que ocupam postos de comando são estrangeiros. Assim, o autoproclamado emir da Cirenaica, cuja capital é Derna, é iemenita; o de Trípoli é tunisiano, e dois dos três homens-bomba que fizeram o último ataque, no Leste do país, sauditas.

Segundo ele, o governo líbio não pede “uma nova intervenção internacional ocidental”, ao contrário da que contribuiu para terminar com o regime de Muammar Kadhafi, em outubro de 2011, que então foi executado, mas pede “reforço das capacidades do Exército local”. Na semana passada, o ministro do governo líbio reconhecido internacionalmente já havia apelado no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) para uma suspensão do embargo ao armamento destinado ao país, imposto desde 2011. Membros do conselho, incluindo a Rússia, mantêm reservas sobre o fim do embargo, pelo risco de o armamento cair em “mãos erradas”.

A comunidade internacional defende, no momento, uma “solução política” na Líbia, e inquieta-se pelo reforço da presença jihadista e pelo fluxo de imigração clandestina, em particular com destino à Itália. “Antes de ser um pedido internacional, a formação de um governo de união nacional é uma prioridade líbia”, assegurou. “Mas não começaremos a formar já amanhã um tal governo. Precisamos de ajuda para o Exército líbio, mas não encontrei qualquer resposta convincente nos Estados Unidos ou na Europa, apenas garantias de que haveria uma ação internacional e não uma intervenção”, acrescentou.

Fontes