Agência Brasil

9 de junho de 2008

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O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, pediu ontem (8) ao novo líder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Alfonso Cano, que encerre a luta armada no país e liberte todos os reféns em poder da guerrilha. As informações são da BBC Brasil.

“Vamos, soltem toda essa gente. Há anciãos, mulheres e soldados doentes que têm dez anos presos. Já basta”, disse Chávez, ao afirmar que os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e outros mandatários latino-americanos e europeus estão dispostos a trabalhar em favor de um acordo de paz na Colômbia.

Em seu programa semanal de televisão, o presidente venezuelano também responsabilizou as Farc pelo que chamou de “ameaça” por parte dos Estados Unidos na região.

A luta armada está fora de lugar. A guerra de guerrilhas passou à história e vocês, das Farc, devem saber que se converteram em uma desculpa do império para ameaçar a todos nós, são a desculpa perfeita. No dia em que se faça paz na Colômbia acaba a desculpa do império, a principal delas, o terrorismo

—Hugo Chávez

Chávez – que desde o fracassado golpe de Estado de 2002 acusa Washington de querer derrubá-lo – disse que o governo dos Estados Unidos utiliza o terrorismo como subterfúgio para ameaçar seu país com a possível instalação de uma base militar norte-americana na Colômbia.

Essa foi a primeira vez em que Chávez utiliza um tom enérgico para criticar a guerrilha – fundada há 44 anos por Manuel Marulanda Vélez ou Tirofijo (tiro certeiro, na tradução literal). O líder teve sua morte confirmada pelas Farc há 15 dias.

Desde 2001, o governo da Colômbia, dos Estados Unidos e de alguns países da União Européia qualificam as Farc como grupo terrorista. O programa de ontem mostra uma mudança na atitude de Chávez, que, há poucos meses, pediu ao resto mundo que enxergasse a guerrilha como um exército legítimo.

As críticas de Chávez também ocorrem em meio a um ambiente de tensão entre seu governo e o do presidente colombiano, Álvaro Uribe, que o acusa de manter vínculos com o grupo armado. O mandatário venezuelano nega as acusações e afirma que os contatos estabelecidos com as Farc foram realizados apenas quando Bogotá solicitou sua intervenção para mediar um acordo humanitário que previa a libertação de reféns em troca de guerrilheiros presos.

A crise diplomática na região andina – que também envolve o Equador – começou no dia 1º de março, quando o exército colombiano realizou uma incursão militar em território equatoriano para eliminar um acampamento da guerrilha. Durante a operação, Raúl Reyes, número dois das Farc, foi morto.

Fontes