Cabo Delgado: Deslocados recebem insumos agrícolas para reduzir dependência alimentar

Agência VOA

6 de julho de 2022

 

Trezentas famílias deslocadas, o equivalente a pelo menos menos 1.500 pessoas, no campo de reassentamento de Maningane receberam “kits” para a produção de alimentos e sair da dependência de doações, quando a falta de recursos financeiros começa a limitar a ajuda humanitária em Cabo Delgado. A entrega formal dos “kits” foi feita na segunda-feira (4 de Julho) pela agência das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).

Cerca de 16 mil deslocados vivem no campo de reassentamento de Maningane, no distrito de Chiúre, e dependem de ajuda humanitária para sobreviver. No entanto, fome tem abalado o centro, após a colheita agrícola da última estação fracassra devido à combinação de seca e chuva excessiva.

Délcio Castigo, um dos deslocado em Maningane, disse que a ajuda com insumos agrícolas, gado caprino e aves vai reduzir a dependência nos próximos meses. “As galinhas e os caprinos devem ser defendidos” de grupos que espalham boatos de ataques terroristas para roubar, disse António Supeia, Secretário de Estado de Cabo Delgado, enfatizando a necessidade de vigilância.

Por sua vez, Myrta Kaulard, coordenadora-residente da ONU em Moçambique, afirmou que a organização vai continuar a ajudar Moçambique face à crise humanitária forçada por insurgentes ligados ao Estado Islâmico. “Essa ajuda é um dos nossos esforços para que a vida possa voltar à normalidade", disse Kaulard.

Já Patrice Talla, o representante da FAO em Moçambique, assegurou que a organização vai continuar a dar suporte à área agrícola para garantir a segurança alimentar entre as famílias deslocadas, no seu recomeço, longe das suas terras.

Entretanto, o administrador de Chiúre, Oliveira Amimo, disse que recentemente pelo menos 21 mil pessoas fugiram da nova onda de ataques terroristas para o distrito de Erati, em Nampula. Amimo reconheceu que a insegurança continua uma ameaça para a produção agrícola, porque as famílias têm medo de se deslocarem pelos campos. Ao todo, o distrito de Chiúre acolhe 78 mil deslocados.

A insurreição irrompeu em 2017, deslocando 870 mil pessoas e matando, pelo menos, quatro mil, segundo a ACLED.

As táticas brutais dos insurgentes, incluindo decapitações, raptos em massa, e o incêndio de aldeias inteiras, continuam a abalar a região.

Fontes

• Cabo Delgado: Deslocados recebem insumos agrícolas para reduzir dependência alimentar — VOA, 6 de julho de 2022