COVID-19: Bolsonaro nega compra de vacina da China
21 de outubro de 2020
O presidente Jair Bolsonaro se envolveu em nova polêmica hoje em relação à Covid-19 ao escrever no Twitter "A VACINA CHINESA DE JOÃO DORIA", numa referência à Coronavac, a vacina de tecnologia chinesa que está sendo desenvolvida no Brasil em parceria com o Instituto Butantan e que é a com melhor grau de segurança até agora.
Explicando, Bolsonaro continuou: "não se justifica um bilionário aporte financeiro num medicamento que sequer ultrapassou sua fase de testagem. Diante do exposto, minha decisão é a de não adquirir a referida vacina."
Atualmente há três vacinas contra o coronavírus sendo testadas no Brasil e nenhuma delas, ainda, tem o registro na Anvisa, o que significa que nenhuma delas merece, por ora, qualquer aporte financeiro - além do investido nos testes.
Reações
Autoridades reagiram à fala do presidente e alguns o acusaram de "politizar" a compra do medicamento. O governador de São Paulo, João Dória, disse após uma reunião com o diretor da Anvisa em seu Twitter que "após reunião com Antônio Barra, presidente da Anvisa, saímos ainda mais confiantes e esperançosos com a capacidade técnica e científica da Agência Nacional de Vigilância Sanitária". Já Barra disse hoje que o país de origem da vacina não importa. "A Anvisa não participa de nenhuma compra feita pelo governo federal. Então, para nós, pouco importa de onde vem a vacina ou qual é o seu país de origem. O nosso dever constitucional é fornecer a resposta de que estes produtos têm ou não têm qualidade, segurança e eficácia."
No início desta tarde, Fábio Faria, ministro das Comunicações, escreveu em seu Twitter que "a vacina que for AUTORIZADA pela Anvisa será comprada pelo Ministério da Saúde e distribuída GRATUITAMENTE aos brasileiros que quiserem tomar, sem obrigatoriedade. É compromisso do Presidente: Ninguém ficará para trás. Acredite no Brasil."
Queda de braço entre Bolsonaro, Dória e Pazuello
Bolsonaro e Dória têm se enfrentado há tempos em relação à pandemia de Covid no Brasil e a última queda de braço entre os dois aconteceu dias atrás, quando o governador disse que mais de 40 milhões de vacinas seriam compradas para imunizar a população de São Paulo. No entanto, após a fala de Dória, o presidente fez questão de enfatizar que nenhuma vacina seria obrigatória no Brasil. Ele também enviou uma mensagem a todos os ministros dizendo que nenhuma vacina seria comprada da China.
Sobre este assunto, em sua coluna no UOL o jornalista Ricardo Kotscho escreveu: "em seu esforço para fazer o relógio da história girar ao contrário e levar o Brasil de volta ao início do século passado, o capitão Jair Bolsonaro encontrou um novo inimigo: a vacina obrigatória contra a Covid-19, defendida por mais de 70% da população, segundo o Datafolha. Com isso, ele resolveu matar dois coelhos com uma cajadada só: o governador paulista João Doria, possível concorrente em 2022, e a "vacina comunista" desenvolvida pela China, em parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo. Sem outros problemas para se preocupar no momento, parece que ele resolveu reeditar a 'Revolta da Vacina'."
A anúncio de Dória havia sido feito com aval do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, após reunião com 23 governadores, e o ministro foi obrigado a, praticamente, se retratar no dia seguinte. Segundo fontes para o G1, Bolsonaro "desautorizou Pazuello".
Vacinas em teste no Brasil
Há três vacinas em teste no Brasil, já na Fase III, a fase final: a Coronavac, produzida em parceria com a empresa chinesa Sinovac e o Butantan; a Vacina de Oxford, desenvolvida numa parceria da Universidade de Oxford e a empresa farmacêutica AstraZeneca, com apoio no Brasil da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz); e a vacina desenvolvida pela empresa farmacêutica Jansen-Cilag-Johnson & Johnson.
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Fontes
- A vacina que for AUTORIZADA pela Anvisa será comprada, Fábio Faria - Twitter, 21 de outubro de 2020.
- Após reunião com Antônio Barra, João Dória - Twitter, 21 de outubro de 2020.
- A VACINA CHINESA DE JOÃO DORIA, Jair Bolsonaro - Twitter, 21 de outubro de 2020.
- Não se justifica um bilionário aporte financeiro, Jair Bolsonaro - Twitter, 21 de outubro de 2020.
- Anvisa: Critério para vacina contra Covid-19 não é país de origem, mas qualidade, CNN Brasil, 21 de outubro de 2020.
- Contra Doria e a China, Bolsonaro quer reeditar a "Revolta da Vacina"?, UOL, 20 de outubro de 2020.
- Ministério anuncia compra de 46 milhões de doses da vacina CoronaVac e diz que imunização começa no 1º semestre de 2021, G1, 20 de outubro de 2020.
- Bolsonaro se irrita com anúncio de acordo de Pazuello com Doria para comprar vacinas, G1, 21 de outubro de 2020.
- Rede Ebserh amplia apoio a testagens de vacinas contra a Covid-19, Anvisa, 08 de outubro de 2020.
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