Brasil • 15 de dezembro de 2014

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O Brasil terá que focar nos setores de energia e agropecuária para reduzir a emissão de gases poluentes que causam o efeito estufa, segundo especialitas ouvidos pela Agência Brasil. Os dois setores são responsáveis pelo crescimento da emissão desses gases e, para que haja mudança sigficativa, deverão ser priorizados no compromisso que será elaborado pelo país, seguindo o que foi acordado na Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas (COP-20), que terminou neste final de semana, em Lima, no Peru.

A COP-20 aprovou o rascunho de um acordo de redução de emissões de gases de efeito estufa, que deve ser a base para um pacto global histórico no próximo ano, em Paris. O projeto foi delineado por delegados de 195 países, que devem anunciar, nos próximos meses, seus compromissos para reduzir as emissões globais entre 40% e 70% até 2050, com a necessidade de limitar o aumento da temperatura global a 2 graus Celsius (2 °C).

"A redução do desmatamento foi muito signficativa nos últimos dez anos, o problema deixa de ser o desmatamento e passa a ser agricultura e energia. O Brasil terá que pensar nisso", diz o secretário executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Luiz Pinguelli Rosa, diretor do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe-UFRJ).

No ano passado, o Brasil emitiu cerca de 1,5 milhão de toneladas de dióxido de carbono equivalente, o que representa aumento de 7,8% em relação a 2012 e o maior valor registrado desde 2008. O setor de mudança de uso do solo corresponde a 35% do total das emissões. O setor de energia responde por 30% das emissões totais, seguido pelo setor agropecuário (27%), o industrial (6%) e o setor de resíduos (3%). Os números são do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de efeito estufa (SEEG), iniciativa do Observatório do Clima.

O SEEG aponta o incremento no uso de energia termoelétrica de fontes fósseis e do consumo de gasolina e diesel como um dos principais responsáveis pela reversão da tendência da última década. Para o coordenador de mudanças climáticas e energia da organização não governamental WWF-Brasil, André Nahur, a questão é preocupante por serem, estas formas de geração de energia, umas das principais plataformas de desenvolvimento adotadas pelo país. "Para que mudanças sejam implementadas é preciso vontade política de explorar energia eólica, solar. O que tem é um entrave político de resoluções que criam dificuldade para que esse tipo de energia consiga crescer bastante", diz.

Para Luiz Pinguelli e André Nahur, o documento aprovado é uma avanço no que diz respeito à necessidade de todos os países participarem do esforço de redução da emissão de gases que causam o aquecimento do planeta. Os planos de redução serão diferenciados, já que os países desenvolvidos têm responsabilidade histórica pela poluição. No entanto, a questão do financiamento dos países mais ricos para ajudar os países em desenvolvimento deixou a desejar. No relatório final, consta que o montante a ser destinado à ajuda é facultativo.

"Chegou-se a um acordo, é um avanço importante, mas deixa um grande caminho a ser percorrido no ano que vem", avalia Nahur. "Um dos princípios da convenção é que os países desenvolvidos têm responsabilidade histórica e, portanto, devem ajudar financeiramente os países em desenvolvimento a reduzir as emissões e se adapatarem às mudanças climáticas. É um tema importante que acabou não sendo contemplado plenamente no documento final", acrescenta.

"Foi um avanço que prepara o caminho para Paris, mas a convenção avança lentamente, mas pode melhorar. Continuamos correndo atrás do limite de aumento de temperatura de 2 °C e isso não está resolvido", diz Pinguelli.

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