Brasil • 28 de outubro de 2014

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O Brasil vive um momento favorável às reformas política e tributária, de acordo com especialistas que participaram hoje (27) do programa Brasilianas.org da TV Brasil. Para eles, principalmente na reforma política, a mobilização e a politização da sociedade serão fundamentais.

"A reforma do sistema político se fará essencialmente no quadro das instituições existentes, mas só poderá avançar se houver uma intensa participação da sociedade. E como a sociedade manifestou-se pela reforma, mesmo que não apoiando a presidenta Dilma, acredito que poderá ter um avanço considerável", disse o assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia.

Para o doutor em sociologia e professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (Each-USP), Wagner Iglecias, "será difícil [a reforma política] passar apenas com o Congresso, vai precisar da sociedade civil, de muita gente mobilizada". Segundo ele, a reforma deve pensar em uma redução no número de partidos, para cerca de cinco a sete, de médio e grande porte, que representem a maioria dos brasileiros. Atualmente, são 32 partidos em atividade no país. Nestas eleições, 28 elegeram parlamentares.

Na linha contrária a uma grande reforma, a professora de ciências políticas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e autora de Democracia ou Reformas? Alternativas Democráticas à Crise Política, Argelina Figueiredo, diz que não vê problemas sérios no sistema político brasileiro. "Tem problemas, mas são problemas que podem ser resolvidos com pequenas reformas. Acho que sempre que a população manifesta-se claramente sobre algo, o Congresso tem respondido".

Em relação à reforma tributária, o professor de economia da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, Antônio Corrêa de Lacerda, diz que este é um item que precisa entrar na pauta das grandes reformas e que o ambiente é favorável para retomar a questão. "A reforma tributária é essencial não só do aspecto econômico, mas da competitividade. Temos um sistema muito complexo e regressivo em relação à renda das pessoas".

Na área econômica, Lacerda diz que o governo terá que fortalecer a comunicação com os tomadores de decisão, sejam empresários ou consumidores. Precisará também de "uma equipe bem formada para fazer as correções preservando o essencial". Ele destaca ainda que os recursos utilizados no primeiro mandato não poderão ser usados de novo, mas que as taxas de emprego atuais, a formação de reservas e o aparato social preservado poderão ser usados para dar um salto de competitividade e produtividade.

De acordo com Garcia, reeleita, a presidenta Dilma Rousseff deverá usar a experiência na campanha e no atual mandato para definir a equipe de trabalho. "Em uma campanha eleitoral, os problemas que uma sociedade tem afloram em um momento de altíssima politização da sociedade e permite vermos com maior clareza e nitidez os problemas que os quatro anos colocaram, mais que isso, que os 12 anos de transformação que o país está passando".

O programa Brasilianas.org vai ao ar toda segunda-feira, das 20h às 21h, e é comandado pelo jornalista Luis Nassif. O tema de hoje foram os desafios da presidenta reeleita.

Fontes