9 de setembro de 2021

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Agência VOA

Os olhos do mundo estão voltados para o Brasil nesta terça-feira, 7 de Setembro, dia em que o país comemora 199 anos da Independência de Portugal.

Quase dois séculos depois, sob o Governo do Presidente Jair Bolsonaro, o país, agora, convive com ameaças de um golpe e intervenção militar.

Nas últimas semanas, Bolsonaro distribuiu um arsenal de declarações golpistas em eventos políticos.

A crise começou com ameaças contra a realização das eleições de 2022, caso o voto impresso não fosse implementado para o pleito.

O Congresso acabou rejeitando a proposta, o que fez o Presidente ameaçar que não haverá eleições no ano que vem e aventou a possibilidade de não deixar o cargo.

Para convocar os seus apoiantes ao acto de hoje, Bolsonaro também ameaçou “emparedar” os ministros do Supremo Tribunal Federal e jogar “fora das quatro linhas da Constituição” para uma eventual ruptura dos poderes.

Nas ruas, há incertezas sobre a capacidade de Bolsonaro ter apoio suficiente para anunciar um golpe, mas o Brasil vive um clima de tensão para desordens e invasões, como aconteceram nos Estados Unidos, no episódio do Capitólio.

Comandantes do Exército, a quem sempre Bolsonaro invoca, foram aos microfones dizer que não há espaço para uma intervenção militar no Brasil, mas o país ainda não passou por um teste tão real quanto hoje.

A expectativa mora em que mensagem Bolsonaro vai entregar a seus apoiantes.

“Essa vai ser a última bala de Bolsonaro na disputa. Como o Presidente vem perdendo apoio nos últimos meses, num cenário de alta da inflação, desemprego e escândalos de corrupção,ele quer se posicionar fortemente para a ala mais radical dos seus seguidores”, explica Deisy Cioccari, cientista política.

Contra Bolsonaro

Também estão previstas manifestações contra o Presidente que, segundo estimativas, também podem contribuir para o aumento da tensão.

A Polícia Militar em Brasilia decidiu convocar "todo o efectivo disponível" para fazer a segurança nas ruas da capital.

"Todo o efectivo disponível estará empenhado na Esplanada. Férias são afastamento legal e não serão interrompidas", diz a PM.

As principais manifestações devem ocorrer em São Paulo e em Brasília.

Em ambas as cidades haverá um esquema de revista policial para evitar que os manifestantes carreguem armas.

A comunidade internacional está atenta.

A VOA conversou com organizações não governamentais internacionais e diplomatas que expressaram preocupação com o cenário brasileiro, prevendo “quebra-quebra" e dificuldades para as autoridades de segurança arrefecerem os ânimos.

A Embaixada dos Estados Unidos emitiu um alerta aos cidadãos americanos que moram no país.

O Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos também emitiu um comunicado nesta semana no qual destaca preocupação com as ameaças dirigidas ao Supremo Tribunal Federal e disse estar“acompanhando de perto” a situação do país.

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