Brasil • 21 de setembro de 2014
O 3º Salão de Acessibilidade, Reabilitação e Inclusão Social termina nesse domingo (21), Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência. O evento, que ocorre em Brasília, oferece oportunidades de emprego às pessoas com deficiência, exposições de arte e artesanato e palestras sobre mercado de trabalho. A feira é promovida pela Cooperativa Ecosol Base Brasil.
Segundo a organizadora, Teresinha Plantoja, o foco da feira é a inclusão produtiva de pessoas com deficiência. “O segmento não apenas consome. As pessoas com deficiência produzem, em associações, em cooperativas, dentro de uma realidade de economia solidária. Aqui há uma mostra dos empreendimentos”, explica.
Entre os produtos expostos estão os quadros de Evaneide Ferreira. A artista plástica, de 48 anos, ficou tetraplégica em 1987, depois de sofrer um acidente de carro. Ela conta que, após descobrir a possibilidade de digitar e pintar com a boca, sua vida se transformou. “Com o acidente, tive lesão modular, fiquei desesperada durante muitos anos, sem ter uma visão de futuro. Daí surgiu a ideia de eu digitar com a boca, depois, comecei a pintar. Nasci de novo quando comecei, foi um mundo novo que se abriu”, comemora. Evaneide escreveu seis livros, três deles publicados.
Lúcio Piantino é outra pessoa com deficiência que mudou de vida após começar a pintar. seus quadros foram vendidos na feira. O jovem de 19 anos tem síndrome de Down e afirma que a pintura foi a saída que encontrou para enfrentar o preconceito sofrido na escola. “Estou feliz com o meu trabalho, gosto de pintar. Eu sou pai dos meus quadros e os meus alimentos são as minhas tintas. A minha vida é só arte desde que eu nasci.”
A mãe de Piantino, Lurdinha Danezy, diz que são necessárias mais ações para inclusão de pessoas com deficiência. “A gente quer que as pessoas com algum tipo de deficiência tenham acesso aos lugares, às coisas, aos eventos, à vida social. Inclusão não é só instalar rampas”, defende.
Para o professor de massagem, Clodomir de Moraes, se posicionar no mercado de trabalho é uma forma de garantir independência e inclusão às pessoas com deficiência. Morais ficou cego há 20 anos e oferece um curso de massagem para deficientes visuais. O professor explica que trabalhar com massoterapia foi a forma que encontrou de se reposicionar profissionalmente. “É o reconhecimento do deficiente visual trabalhando com independência. Isso dá empoderamento a nós, deficientes. É uma forma de a pessoa com deficiência saber que ele é um profissional, respeitado e ganhando dinheiro pelo que ele faz”.
Um dos alunos de Morais é Ricardo Souza, de 22 anos. O jovem nasceu cego e acredita que a principal forma de acessibilidade é se integrar no convívio social. “A gente vem para a rua quando encontra motivação, para expor nossas produções, mostrar nosso potencial, encontrar amigos. A interação social é o mais importante”.
- ((pt)) Beto Coura. Brasília promove feira para inclusão de pessoas com deficiência — Agência Brasil, 21 de setembro de 2014
A versão original, ou partes dela, foram extraídas da Agência Brasil, sob a licença CC BY 3.0 BR. |
Esta página está arquivada e não é mais editável. |