La Paz, Bolívia • 15 de janeiro de 2009
O presidente boliviano Evo Morales, anunciou ontem o rompimento de relações diplomáticas com Israel por causa dos ataques à Faixa de Gaza, seguindo o passo do aliado presidente venezuelano Hugo Chávez, que na semana passada, dia 6, ordenou a expulsão do embaixador israelense em Caracas. O presidente boliviano alegou sobre o rompimento foi em solidariedade com o povo palestino.
"Frente a estes graves fatos de atentado à vida e à humanidade, a Bolívia rompe relações diplomáticas com Israel" disse Morales em discurso ao corpo diplomático estrangeiro, que fez uma visita ao palácio presidencial para apresentar cumprimentos de ano novo. "Não é possível que, como comunidade internacional, possamos permitir que haja este genocídio na Palestina".
Evo Morales sugeriu que o Tribunal Penal Internacional "julgue os principais responsáveis por este massacre que já custou mais de mil vidas, um terço delas de meninos e meninas", que o primeiro-ministro Ehud Olmert e seu gabinete deveriam ser réus no processo. Criticou o Conselho de Segurança, a que chamou de "Conselho de Insegurança", por sua demora e ineficiência em reagir à crise. Morales disse que vai solicitar a cassação do Prêmio Nobel da Paz concedido em 1994 ao hoje presidente de Israel, Shimon Peres, que segundo ele "não fez nada" para impedir o "massacre" em Gaza.
- Israel Reage
A embaixada de Israel na Bolívia recebeu com surpresa o rompimento de relações anunciado pelo Morales por causa do conflito em Gaza, pois alega não ter sido oficialmente comunicada sobre a decisão, disseram à Agência Efe fontes da delegação.
"Estamos surpreendidos com a declaração" de Morales, disse à Efe o cônsul honorário de Israel em La Paz, Roberto Nelkenbaum, que afirmou que a embaixada não recebeu qualquer carta ou notificação oficial nem do Ministério das Relações Exteriores boliviano, nem do Palácio do Governo.
O cônsul israelense na Bolívia, Roberto Nelkenbaum, lamentou a decisão, da qual no entanto disse não ter sido oficialmente informado. Ele disse ter ouvido o discurso pela imprensa local, e se sentiu "perplexo e triste". "Queremos que a relação de amizade com a Bolívia continue", declarou. A embaixada de Israel na Bolívia tem caráter "itinerante", disse Nelkenbaum, e o titular da delegação mora em Lima, no Peru.
O cônsul honorário lembrou que a amizade entre Bolívia e Israel "tem muitos anos", e destacou que há vários programas de colaboração mútua, entre eles os relacionados com bolsas de estudos de formação.
Além disso, destacou o grande fluxo de turistas israelenses à Bolívia, com 10 mil visitantes ao ano: "Bolívia e Israel merecem ser amigos e continuar colaborando", acrescentou. O cônsul se referiu ao motivo alegado por Morales para romper as relações e assegurou que "Israel deseja que os problemas com as fronteiras passem a ser um problema de história, e não de guerras". EFE
As relações entre Bolívia e Israel foram tradicionalmente amistosas, o que permitiu a execução de um vasto programa de cooperação técnica israelense com o país sul-americano.
- Comunidade Palestina
A comunidade palestina na Bolívia agradeceu a decisão de Morales de romper relações com Israel, informou um porta-voz dos palestinos residentes no país: "Agradecemos cordialmente em nome de nosso povo palestino, especialmente da Faixa de Gaza, o apoio moral e humanitário do presidente Morales por esta condenação", declarou à Agência Efe o médico palestino residente em La Paz, Aiman Altaramsi.
Além disso, o porta-voz da comunidade palestina na Bolívia pediu que outros governantes processem o presidente de Israel, Shimon Peres, e seus ministros "que estão o acompanhando no massacre do povo palestino, no qual já morreram quase mil pessoas".
- Histórico
Não é a primeira vez que o presidente Evo Morales anuncia o rompimento de relações com algum país. Em setembro do ano passado, Morales ordenou a saída do o embaixador dos Estados Unidos, a quem acusou de conspirar com a oposição para depô-lo, em meio a grande onda de protestos contra o governo, principalmente no norte, leste e sul, desde a redemocratização em 1982. As relações com Estados Unidos estão rompidas até hoje.
- Coincidência
Na véspera do rompimento com Israel, uma comissão do Irã, liderada pelo ministro de Cooperação, Mohammad Abbasi, reuniu-se com Morales. A questão de Gaza foi um dos temas tratados. "Oxalá possamos fazer entre a Bolívia e o Irã um acordo internacional contra este conflito na zona palestina", afirmou Abbasi.
- Críticas
Evo Morales é bastante criticado quando o presidente venezuelano Hugo Cháves, determina as decisões na Venezuela, Morales faz na Bolívia poucos dias depois, o que valeu ser chamado dentro e fora da Bolívia de "maionete" e "pró-venezuelano".
Notícia Relacionada
Venezuela expulsa embaixador israelense por causa da ofensiva em Gaza, Wikinotícias, 7 de janeiro de 2009
Fontes
- Bolívia rompe relações diplomáticas com Israel — O Globo.com, 14 de janeiro de 2009
- Palestinos na Bolívia agradecem a Morales por ruptura com Israel — Portal G1, 14 de janeiro de 2009
- Embaixada israelense expressa surpresa com rompimento de relações com Bolívia [inativa] — abril.com.br, 14 de janeiro de 2009. Página visitada em 15 de janeiro de 2009
. Arquivada em 10 de março de 2016 - Bolívia rompe relações diplomáticas com Israel — BBC Brasil, 14 de janeiro de 2009
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