Nigéria • 24 de fevereiro de 2015

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Pelo menos 27 pessoas morreram hoje (24) em dois atentados em estações de ônibus, cheias de gente, no Nordeste da Nigéria, cometidos pelo grupo radical islâmico Boko Haram, a cinco semanas das eleições gerais, previstas para 28 de março. Apesar de o governo nigeriano ter afirmado recentemente que retomou, militarmente, o controle de várias localidades simbólicas do Nordeste do país – o que o Boko Haram contesta -, os dois atentados de hoje demonstram, mais uma vez, a extrema capacidade ataque do grupo islâmico, que o presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, admitiu ter subestimado.

Em Kano, os atentados suicidas ocorreram às 15h40 (11h40 de Brasília) por dois homens que saíram de um ônibus, informou o porta-voz da polícia da cidade, Musa Magaji Majia. “Dez pessoas morreram e várias ficaram feridas na explosão”, disse ele. Um pouco antes, um comerciante da estação descrevia um cenário dantesco: “um ônibus ficou salpicado de sangue e restos humanos”. A área foi bloqueada e a brigada de minas e armadilhas verificou que não havia mais bombas no local.

Cerca de quatro horas antes, em Potiskum, a capital econômica do estado de Yobe, houve atentado contra um ônibus na estação de Tashar Dan-Borno, na periferia da cidade. Potiskum, situada a cerca de 280 quilômetros a Leste de Kano, já tinha sido alvo de atentado suicida no domingo (22), cometido por uma menina de 7 anos. “Temos 17 mortos e 27 feridos”, disse uma enfermeira do hospital público da cidade, para onde as vítimas do atentado foram transportadas. As equipes de socorro enviadas para o local informaram que havia 12 pessoas no ônibus, que iria para Kano, e que todas morreram.

Segundo o responsável pelo sindicato dos motoristas e um dos condutores presentes à estação, a explosão ocorreu pouco depois de um homem ter atirado um saco de viagem no porta-bagagens do veículo, antes de tentar entrar no ônibus. A cidade de Potiskum, no eixo rodoviário que liga Kano, a maior cidade do Norte do país, a Maiduguri, capital do estado vizinho de Borno, já foi palco de diversos atentados a bomba, atribuídos ao grupo islâmico armado Boko Haram, que reivindicou algumas operações.

Desde 2009, o Boko Haram e as tentativas das forças nigerianas de reprimí-lo fizeram mais de 13 mil mortos e 1,5 milhão de deslocados na Nigéria, sobretudo no Nordeste do país, onde o grupo extremista controla partes do território. As atrocidades cometidas pelo grupo e a expansão geográfica levaram ao adiamento das eleições gerais - que seriam em 14 de fevereiro - para 28 de março. A Nigéria, o Níger, o Chade, os Camarões e o Benim anunciaram em 7 de fevereiro a mobilização de 8,7 mil homens para uma força multinacional contra o Boko Haram, mas a operação deverá ainda obter a aprovação do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Fontes