Autoridades de Huíla tomam medidas de precaução contra futuras secas em Angola; Criadores de gado querem mais apoio à produção

Agência VOA

27 de agosto de 2014

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As autoridades do município da Matala, no interior da província da Huíla, estão a tomar medidas para minimizar os efeitos de novos períodos de seca na região.

Depois do município ter sido afectado por uma forte seca com grandes prejuízos na colheita agrícola nos últimos três anos, as autoridades desenham agora novas estratégias na tentativa de tirar o melhor aproveitamento da baixa do rio Cunene.

A estratégia anunciada pelo administrador municipal da Matala, Miguel Vicente, passa por mentalizar as cooperativas agrícolas locais a tirarem proveito da baixa do Rio Cunene, que rasga o norte e leste da Huíla.

“Para isso, nós já compramos várias moto-bombas, instruímos as nossas cooperativas e este ano cada cooperativa deve preparar cerca de 15 hectares para poderem fazer as culturas com base na água que vão tirar do rio Cunene para irrigação.”, explicou Vicente.

Tendo em vista a próxima época agrícola, que se inicia no mês de Outubro, o município conta com centenas de milhares de hectares de terras preparadas para o cultivo de cereais e hortícolas com destaques para o milho e a batata.

Matala localiza-se a 176 quilómetros a leste da cidade do Lubango e é tida como o segundo pólo de desenvolvimento mais importante da província da Huíla, sendo igualmente o mais habitado, depois da capital provincial, com perto de 230 mil habitantes.

Fazendeiros

Fazendeiros na Huíla defendem uma maior aposta do Executivo e da banca na criação do gado para incentivar a produção nacional de carne e diminuir importações.

Para alguns fazendeiros, o país tem potencial para começar a produzir carne em grande escala devendo para tal haver uma séria aposta do Governo e da banca.

O fazendeiro Carlos Damião reconhece que o gado é um investimento de risco cujo negócio precisa de ser compreendido pelo investidor.

“Os bancos têm algumas reticências porque é preciso compreender este negócio”, disse Damião, para quem uma vaca para dar algum rendimento demora no mínimo quatro anos. "É um negócio de algum risco que é preciso esperar e ter paciência”, acrescentou

Para o fazendeiro José Brasil, Angola está em condições de começar a produzir carne de qualidade com a melhoria do efectivo do gado por via do cruzamento de raças. As experiências em curso em algumas fazendas provam esta teoria.

“Um animal tradicional que nós andamos três, quatro anos a criá-lo pronto a ser abatido vai nos pesar de 140 a 200 quilos de carcaça e estes animais melhorados com dois anos vai buscar esse peso. Temos mais dois anos de graça que pode se fazer outros animais”, explicou Brasil.

Por sua vez, o presidente da cooperativa dos criadores de gado de Angola Luís Nunes acredita nos incentivos do Governo para a produção de carne, mas alerta que o fim da importação passa antes de tudo pela criação de animais.

Os fazendeiros na Huíla pronunciaram-se à margem da 11ª Feira Agro-Pecuária realizada recentemente na cidade do Lubango, cujo volume de negócios chegou a atingir 1.5 milhões dólares através da organização de dois leilões de gado.

Fontes