21 de julho de 2006

Mapa da Somália.
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A tensão aumenta rapidamente no Chifre da África depois que os Tribunais Islâmicos Unidos (UIC) na última quarta-feira (19) cercaram Baidoa, local do governo provisório da Somália. Ainda que tenha sido divulgado que a milícia islâmica reuniu suas tropas depois da captura da capital do país, Mogadishu, no dia 11 de julho, soldados da vizinha Etiópia cruzaram a fronteira e ataques violentos dos dois lado da fronteira.

Os militantes islâmicos juraram começar “uma guerra santa” contra a vizinha Etiópia. O Ministro de Informações etiópe Berhan Hailu disse: "usaremos todos os meios à nossa disposição para esmagar o grupo islâmico se eles tentarem atacar Baidoa, sede do governo federal de transição".

A ameaça veio depois que as tropas islâmicas, tão logo tomaram Mogadíscio na semana passada, terem sido vistas a menos de 60 km de Baidoa. Eles depois recolheram as suas tropas, alegando que reuniam tropas desertoras e não estavam a planejar um ataque.

Uma escolta de aproximadamente 2 mil soldados foi vista cruzando a fronteira etíope durante a noite, juntando-se a outros 2 mil que já esperavam na fronteiriça Luk. Algumas pessoas informaram ter visto de homens em uniforme etíope dentro do próprio território de Baidoa.

Segundo agências de notícias conhecidas, entre elas: BBC e VOA, testemunhas locais disseram ter visto soldados etíopes em território somali. A Etiópia nega por enquanto o envio de tropas para a Somália. O porta-voz do governo, Bereket Simon, disse à BBC que "por enquanto" nenhuma tropa do governo estava dentro do país. Contudo, um conflito direto parece cada vez mais provável, visto que o sr. Simon também disse que "a Etiópia está em posição defender-se a fim de assegurar a estabilidade do Chifre de África".

O governo etíope apoia abertamente o governo provisório, que desde 1991 mantém um frágil controle sob o país, ainda que sua legitimidade tenha sido reconhecida pelas Nações Unidas. A parte maioria cristã do país teme ante a possibilidade de os Tribunais Islâmicos Unidos governarem a Somália, por causa das suas rígidas.

Os últimos eventos lançaram as já complicadas negociações de paz num tumulto. Representantes tanto dos Tribunais Islâmicos quanto do governo estão em delicadas conversações na capital sudanesa Cartum. Ali Mohamed Gedi, o primeiro-ministro da Somália incitou as tropas islâmicas a parar os seus avanços em direção à capital interina, suplicando por mais tempo para as negociações. Diplomatas do governo boicotaram conversações na semana passada, porém mais reuniões estão programadas para o próximo dia 22 de julho.

Apesar de haver algumas tropas leais ao governo provisório, ele tem poucas chances de sobrepujar sozinho as milícias islâmicas. Porém a situação muda com o apoio da Etiópia. O confronto armado parece cada vez mais provável, dizem os analistas.

Na terça-feira passada (11), depois de dois dias da luta, os Tribunais Islâmicos Unidos assumiram praticamente o controle da capital Mogadíscio, depois que cerca de 500 soldados leais ao último líder militar da cidade, Abdi Qeybdid, se entregraram.

Uma relativa calma então retornou a Mogadíscio, e a população começou a voltar à rotina diária.

Os EUA dizem que os Tribunais Islâmicos Unidos têm conexões com a Al Qaeda. A afirmação é enfaticamente negada por pelo menos um dos líderes do Tribunal, o Xeique Hassan Dahir Aweys.

Fontes