Dera Ismail Khan, Paquistão • 21 de agosto de 2008

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Um ataque suicida de um homem-bomba, ocorrida na terça-feira (19), contra a sala de emergência do hospital na cidade de Dera Ismail Khan, noroeste do Paquistão, deixou ao menos 23 mortos e 20 feridos (segundo a polícia paquistanesa). O atentado suicida foi realizado próxima às zonas tribais onde o Exército combate os radicais islâmicos paquistaneses aliados à rede terrorista Al Qaeda e aos afegãos do Tabiban e também no local onde a violência é freqüente há mais de um ano. A mesma região do atentado é palco de violência entre muçulmanos sunitas e xiitas nos últimos anos.

"Há 23 mortos confirmados e até 20 feridos. Encontramos as pernas do suposto agressor suicida", disse o chefe da polícia da Província, Malik Navid Khan, à rede de televisão Geo TV. Ele informou ainda que o homem-bomba pode ser um adolescente. "Dezenas de pessoas haviam se concentrado na entrada do hospital para protestar pela morte de uma personalidade local. A polícia também estava lá quando ocorreu a explosão", explicou outro oficial da polícia, Habib Khan. A personalidade citada pelo policial era um vendedor xiita que morreu ao ser atacado em sua loja. O ataque supostamente visava os xiitas que se juntaram para o protesto, disse o policial Mohsin Shah. A polícia culpou os extremistas sunitas pela ação.

O ataque suicida ocorreu um dia após a renúncia do presidente paquistanês Pervez Musharraf. O ataque levanta dúvidas sobre como o novo governo enfrentará a violência crescente dos movimentos radicais islâmicos.

Alvo

Há especulações de que este tenha sido um ataque contra xiitas, disse o correspondente da BBC em Islamabad, Charles Haviland.

Relatos dão conta de que até 20 pessoas tenham morrido na explosão, que ocorreu no momento em que um grupo de pessoas se reunia em frente ao prédio para protestar contra o assassinato de um dos membros da comunidade.

O ataque se realiza um dia depois da renúncia de Musharraf, que é uma espécie de lembrete de que os novos governantes do país têm pela frente um problema de militância a enfrentar, observou o correspondente da BBC. Serviços de inteligência americanos dizem que é das áreas tribais paquistanesas que militantes do Taliban saem para lutar no vizinho Afeganistão.

Para o correspondente da BBC, os ataques contra o Taliban no Paquistão devem continuar mesmo com o novo governo que sucederá Musharraf. As opções estão sendo discutidas por líderes da coalizão de governo. Mas os dois principais partidos da base não chegaram a um consenso sobre o sucessor.

Correspondentes dizem que as discussões no mesmo dia do ataque e confrontos, devem girar sobre a possibilidade de reintegrar ou não os juízes exonerados por Musharraf há um ano. Eles também precisam decidir se o ex-presidente será ou não processado por ter violado a Constituição.

Musharraf, ex-comandante do Exército e aliado-chave dos Estados Unidos na chamada guerra contra o terror, chegou ao poder através de um golpe de Estado sem violência em 1999. No ano passado, ele foi forçado a deixar o controle das Forças Armadas. Sua imagem pública ficou prejudicada depois que ele demitiu quase 60 juízes para evitar que declarassem inválida sua reeleição como presidente.

Confrontos

No mesmo dia do atentado suicida, confrontos entre rebeldes e as forças de segurança deixaram 19 mortos, incluindo 14 militantes (o número aumentou para 25 mortos), na demarcação tribal de Bajaur, na conflituosa região noroeste do Paquistão, próxima da fronteira do Afeganistão, onde o Exército lançou uma operação há quase duas semanas.

Segundo a Geo TV, os fundamentalistas atacaram um posto de controle com artilharia e armas automáticas e feriram cinco guardas de fronteira. A fonte acrescentou que as forças de segurança responderam ao ataque abrindo fogo contra os insurgentes e causando a morte de pelo menos 25 deles, embora não se descarte que haja algum civil entre as vítimas.

Segundo dados divulgados pelo governo, mais de 500 rebeldes e 22 membros dos corpos de segurança morreram desde que teve início a operação militar nessa região tribal fronteiriça com o Afeganistão (onde se escondem as forças da Al Qaeda e do Taleban).

Apesar de ter assinado alguns acordos com grupos fundamentalistas, a política anti-terrorista do governo do Paquistão não conseguiu deter a violência no noroeste do país. As dúvidas aumentam com a saída de Musharraf que mantinha relação próxima com os EUA para facilitar a atuação das tropas americanas no combate aos terroristas da região.

Notícia Relacionada

Pervez Musharraf renuncia à presidência paquistanesa, Wikinews, 19 de agosto de 2008

Fontes