Les Issers, Argélia • 21 de agosto de 2008

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Um atentado, aparetemente suicida, contra a escola de polícia na terça-feira (19) deixou aos menos 43 mortos e 45 feridos.

Inicialmente, era 43 mortos e 38 feridos, segundo informou o Ministério do Interior argelino, acrescentando que o total de vítimas "estimativa preliminar" para o ataque, mas o número de feridos subiu para 45 ao longo do dia, segundo o próprio ministério. As informações iniciais dão conta que o ataque foi realizado por um suicida que lançou seu carro contra um grupo de pessoas.

Um comunicado divulgado pela agência de notícias oficial APS informou que o atentado aconteceu por volta das 7h30 (3h30 de brasília) e teve como alvo uma escola de gendarmaria em Les Issers, a 55 quilômetros da capital Argel. De acordo com o ministério, dos 45 feridos, 13 eram gendarmes. No balanço anterior, o total de pessoas feridas era de 38.

No momento do ataque, candidatos ao serviço militar faziam fila, esperando para se registrar. A explosão teria atingido também um ônibus de passageiros que fazia o trajeto entre Tizi-Ouzou e Orã, afirmaram testemunhas, embora a informação ainda não tenha sido confirmada.

A escola fica na estrada nacional RN12, que foi fechada ao tráfego para permitir que os serviços médicos socorram os feridos. Entre as vítimas, estariam vários gendarmes e também candidatos a serem admitidos na academia.

Segundo algumas fontes, o terrorista suicida teria se juntado ao grupo de candidatos que esperavam na porta da escola e teria detonado seu cinto de explosivos. Outras fontes afirmam que, além do terrorista com o cinto de explosivos, outro suicida teria detonado um carro-bomba contra a porta principal da escola militar.

A explosão foi muito forte e ainda há confusão sobre as circunstâncias do atentado. Segundo as testemunhas, o atentado causou um massacre, além de destruição em casas e lojas da localidade de Les Issers.

Testemunhas disseram que o ataque desta terça-feira foi realizado por um homem-bomba que jogou seu carro contra um grupo de candidatos ao serviço militar que fazia fila para se registrar.

"A maioria dos mortos era formada por jovens entre 18 e 20 anos. Eles estavam em fila esperando para entrar na escola para os testes de recrutamento quando foram atingidos pela explosão. A explosão do carro destruiu parte da parede de fora da escola e fez um buraco no chão a cerca de três metros de distância do portão principal", disse uma testemunha à agência de notícias Reuters, em entrevista por telefone.

A Província de Boumerdès, vizinha a de Argel, é um dos principais cenários na Argélia dos atentados dos grupos terroristas, que aproveitam as regiões arborizadas do local para fugir das forças de segurança.

O atentado desta terça acontece após vários ataques recentes realizados pelo braço da rede terrorista Al Qaeda (de Osama bin Laden) no norte da África, mas ninguém reivindicou a autoria do atentado até o fechamento desta edição.

O atentado ocorre dois dias depois (17) de uma emboscada realizada por grupos islâmicos armados contra um comboio das forças de segurança em Skikda (leste), que deixou 12 mortos (oito policiais, três soldados e um civil), segundo a imprensa argelina.

O grupo é o Al Qaeda Magreb, que reivindicou vários ataques no passado, incluindo as explosões realizadas nos escritórios da ONU e em uma corte judicial em Argel, em dezembro de 2007, que mataram 41 pessoas (17 delas membros da equipe das Nações Unidas).

Desde 1992, os confrontos entre forças do país e militantes muçulmanos mataram 200 mil pessoas. A insurgência extremista se fortaleceu quando, em 11 de janeiro de 1992, o Exército cancelou o segundo turno de eleições parlamentares e assumiu o poder, que seriam vencidas com folga pelo partido islâmico Frente Islâmica de Salvação (FIS), que foi logo declarada ilegal. Mas ataques suicidas nunca tinham ocorrido no país, antes dos grupos militantes se ligarem à Al Qaeda.

Repecussão

O porta-voz do Departamento de EUA, Robert Wood, afirmou à imprensa que os EUA condenam o ataque, que chamaram de "outro triste exemplo dos atos de extremistas".

A União Européia declarou que "condena fortemente atos terroristas que tiram tantas vidas". Em comunicado, afirmou que "o povo argelino é novamente vítima da violência terrorista".

O presidente francês Nicolas Sarkozy, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o premiê italiano, Silvio Berlusconi, também declararam seu apoio ao presidente da Argélia e expressaram seus pêsames às famílias das vítimas.

Fontes