5 de maio de 2021
O real impacto do ataque de Março passado à vila de Palma, na economia moçambicana em geral e na província de Cabo Delgado em particular, só será perfeitamente perceptível daqui a seis meses ou mesmo dois anos, embora o empresariado local enfrente já uma situação dramática, dizem especialistas.
Neste momento, praticamente todas as pequenas e médias empresas de Cabo Delgado, que suportam a economia real da província, ressentem-se dos efeitos do ataque de 24 de Março àquele que é o berço do projecto de exploração de gás natural.
O presidente do Conselho Empresarial daquela província, Gulamo Abubacar, diz que os agentes económicos estavam a tentar reerguer-se, depois dos ataques a Mocímboa da Praia, Macomia, Quissanga e Muidumbe, "e o ataque à vila de Palma constitui um verdadeiro revés a esses esforços de recuperação".
"Neste momento, não temos como nos movimentar, as vias de acesso estão todas fechadas, camiões que transportavam material de construção para Afungi, já não o fazem", lamenta Gulamo Abubacar.
Por seu turno, o empresário Assifo Ossumane, afirma que "a situação do empresariado de Cabo Delgado depois do ataque a Palma é catastrófica e há pessoas que perderam o pouco que tinham acumulado ao longo da vida".
- Governo assume gravidade da situação
O Governo provincial de Cabo Delgado assume que o impacto dos ataques armados é dramático, realçando que o processo de industrialização da província "está severamente afectado, porque há um retardamento de investimentos estruturantes, como por exemplo, a nova fábrica de cimentos".
"Isto é o que sente o empresariado local neste momento, mas qual será o impacto do ataque a Palma para o país daqui a seis meses ou mesmo dois anos", interroga-se o empresário Assifo Ossumane.
Na opinião dele, o impacto real desse ataque "ainda não é perfeitamente perceptível porque há muitas variáveis envolvidas, o gás é um recurso com muito valor, mas só vale a pena explorá-lo se esse valor se repercutir na qualidade de vida dos moçambicanos".
"Se esse impacto não existir, se se tratar apenas de colectar impostos, eu não sei se vale a pena explorar o recurso, e perante esta situação em que os trabalhos da Total estão interrompidos, havendo rumores de que a companhia vai para a Tanzania ou Ruanda, se isso for verdade, é necessariamente mau?", interroga-se ainda Assifo Ossumane.
Fontes
- Ataques destroem economia de Cabo Delgado — Voz da América, 5 de maio de 2021
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