Brasil • 29 de agosto de 2006

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O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva encontrou-se nos últimos dias em São Paulo e Rio de janeiro com artistas e intelectuais que declararam apoio ao candidato à Presidência pelo Partido dos Trabalhadores (PT).

Na segunda-feira passada (21), artistas e intelectuais brasileiros se encontraram com Lula na casa do Ministro da Cultura Gilberto Gil. Os artistas defenderam o governo de Lula e disseram que irão votar no petista. Os artistas também procuraram minimizar os efeitos do escândalo de corrupção conhecido como mensalão. O produtor de cinema Luiz Carlos Barreto disse: "A política é um terreno pantanoso, a ética é de conveniência. Se o fim é nobre, os fins justificam os meios".

O ator Paulo Betti declarou: "Não dá para fazer [política] sem botar a mão na merda". O cantor Wagner Tiso acrescentou: "Não estou preocupado com a ética do PT. Acho que o PT fez um jogo que tem que fazer para governar o país".

O Presidente Lula fez um discurso e disse que os culpados pela crise política do mensalão foram as elites. Ao comentar o escândalo Lula disse: "Foi triste? Foi. O PT errou? Errou. O PT, não, teve companheiros que erraram. Como posso julgar o PT por erros que alguns companheiros cometeram?". O Presidente também fez comparações entre a situação difícil enfrentada pelo seu governo com Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek.

Lula também citou Fidel Castro e disse: "a história me absolverá".

Emocionado, Lula ainda chorou e abraçou Wagner Tiso, lembrando que ele foi um dos que defenderam o seu governo no auge da crise política.

O cantor e compositor Geraldo Azevedo disse aos jornalistas que cobriram o encontro: "Algumas coisas criaram dúvidas na gente. O que aparece são as coisas ruins, mas muitas coisas boas aconteceram e a esperança nasceu de novo". A cantora Alcione declarou: "Temos mais é que votar nele e é o povo brasileiro que vai elegê-lo. Lula é uma pessoa verdadeira e ninguém engana o povo."

Houve ainda um jantar e depois o ator José de Abreu pediu uma salva de palmas para José Dirceu, José Mentor e José Genoino todos acusados pelo Ministério Público de envolvimento no escândalo do mensalão. Todos aplaudiram, inclusive o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Ao ser questionado pelo próprio Abreu se não teria estragado a festa ao lembrar-se dos companheiros envolvidos com escândalos, Lula declarou: "Não, não. Não podemos renegar as amizades que temos".

Nos dias seguintes, o cantor Chico Buarque que é conhecido por já ter declarado voto em Lula foi procurado pela imprensa para comentar sobre as declarações de seus colegas. Chico disse que a "ética não é descartável" e que "entende a posição pessoal dos colegas". Ele reafirmou o seu voto em Lula e ao comentar sobre a corrupção disse: "Essa é a realidade política". Buarque é um ativo militante de esquerda e participa ao lado de outros brasileiros da Revista América Libre, publicação do Foro de São Paulo. Chico faz parte do conselho editorial [1] da revista ao lado de Manuel Marulanda Vélez, famoso comandante das FARC.

Nesta última segunda (27) foi a vez de Lula reunir-se com intelectuais e artistas num hotel em São Paulo. Eles também declararam apoio ao petista. No encontro estiveram presentes os intelecutais Ariano Suassuna, Maria Rita Kell, Marilena Chauí, Paul Singer e Paulo Lins e Ferres. No encontro Lula disse que "enfrentou uma crise sem precedentes". Presente ao encontro estava o Ministro Tarso Genro que defendeu os artistas que se encontraram com Lula no Rio de janeiro. "Eles colocaram a ética como uma gestão para o País e não só para o governo. São questões sistemáticas, não vi nenhum deles defenderem a questão de ética", disse Genro que alegou que as declarações dos artistas foram mal-interpretadas.


Fontes