14 de maio de 2021

Edir Macedo (2007)
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As autoridades angolanas começaram, esta semana, a executar a ordem de expulsão do país, ditada em Abril último, de mais de uma centena de missionários brasileiros afectos à antiga liderança da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), em Angola.

Os missionários tinham oito dias para abandonar voluntariamente o país, uma decisão justificada com a situação migratória irregular por caducidade dos vistos de permanência no país e por terem cessado a atividade eclesiástica em Angola, na sequência de um ofício da nova direcção angolana da IURD.

Dez missionários deviam abandonar Angola nesta quinta-feira, depois de os primeiros nove, deportados na terça-feira, terem já chegado ao Brasil.

Em Luanda, a porta-voz da ala brasileira da IURD, Ivone Teixeira, foi citada pela imprensa, ontem, como tendo dito que, no total, estão de partida para o Brasil 112 membros da denominação, incluindo 55 casais (missionários e suas mulheres) e mais dois religiosos solteiros.

Ela acrescentou que a partida irá decorrer "paulatinamente, em grupos de 10, estando previstas duas viagens por semana".

O jurista Vicente Pongolola disse que do ponto de vista legal a decisão das autoridades angolanas têm a sua razão de ser vista nos moldes em que a mesma foi juridicamente sustentada.

"Os vistos são periódicos e não havendo fundamento para os renovar ou prorrogar , há necessidade de as pessoas abandonarem o país. Não há ilegalidade nisso”, acrescentou Pongolola.

O líder da IURD, Edir Macedo que , nesta quarta, 12, qualificou os missionários deportados de “heróis da fé”.

Citados pelo canal R7 TV, vários responsáveis da congregação, presentes no Aeroporto de Guarulhos, acusaram Angola de “uma tentativa clara de tirar a igreja do território angolano” e revelaram que os visados "foram obrigados a viajar sem as suas famílias", que continuam no país .

"Desumano, é incabível que as autoridades angolanas tenham simplesmente rasgado a constituição, ignorado todas as leis do próprio país para fazer o que fizeram. Não acataram nenhum recurso jurídico, não nos responderam, não nos deram acesso ao que os pastores estão sendo acusados. Não há acesso dos nossos advogados ao processo, ou seja, nós não sabemos o que tem nos processos. Isso é incabível num estado democrático,” afirmaram.

Os membros IURD anunciaram que enviaram uma carta-denúncia ao escritório das Nações Unidas em Angola, além de outras acções judiciais no país.

Divisão no seio da igreja

O conflito interno na igreja começou em Novembro de 2019, quando um grupo de dissidentes angolanos decidiu afastar-se da direção brasileira, a quem acusou de evasão de divisas, racismo, prática obrigatória de vasectomia, entre outras.

Nos tribunais de Angola, os vários processos judiciais relacionados com a IURD resultaram já na acusação de quatro missionários de crimes de branqueamento de capitais e associação criminosa.

A nova direção da IURD é actualmente encabeçada pelo bispo angolano Valente Bezerra eleita em assembleia-geral em 13 de Fevereiro e foi legitimada pelo Estado angolano.

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