24 de março de 2021

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Por VOA News

Centenas de famílias afetadas pela seca na província angolana de Benguela utilizam o farelo para aliviar a penúria alimentar, chegando a dividir com animais as sobras do produto que resulta da transformação de cereais, alerta uma organização ligada à Igreja Católica.

Os Irmãos São Francisco de Assis (ISFA) sugerem que se decrete estado de emergência humanitária, ao passo que a CASA-CE acusa o Governo provincial de ter ignorado alertas para a situação vigente, lançados há vários meses.

Situado a 156 quilómetros da cidade de Benguela, Chongoroi, um dos dois municípios eleitos há mais de um ano para o início do ‘’Kwenda’’, programa de transferências monetárias, nesta parcela do país, vive uma situação dramática, segundo Marcelino Muhepe, membro do ISFA.

"Sinto muito, bastante mesmo. Realmente muitas famílias sobrevivem dos farelos, por isso acho que o Estado deve decretar estado de emergência humanitária. Isso eu vi, ninguém me contou", desabafa o membro da Igreja Católica.

Com apoio da União Europeia, os Irmãos São Francisco de Assis procuram inserir algumas famílias num projeto produtivo. "Planejamos um projeto da agropecuária, temos lá dez famílias a ganhar algum dinheirinho nesta primeira fase. Consiste na preparação de terrenos", explica Muhepe.

Ações semelhantes, para lá dos 8.500.00 kwanzas mensais, fazem parte do ‘’Kwenda’’, ainda no papel.

A VOA não conseguiu recebeu informações do Fundo de Apoio Social.

Por outro lado, no final de uma visita de trabalho ao Chongoroi, o secretário executivo do CASA-CE, Zeferino Kuvíngua, disse ter constatado uma realidade adversa a um país com tantos anos de paz.

"É triste que em mais de 18 anos de paz muitas pessoas estejam a comer farelo, dividindo-o com porcos. Nós mandámos relatórios (ao Governo) em 2019 para alertar que os camponeses precisavam de ajuda", refere Kuvíngua.

Uma fonte da Administração Municipal confirma o recurso ao farelo em todo território, mas o administrador local, Herculano Neto, diz não ter conhecimento.

"Temos sempre contato com os próprios padres (...) eu não confirmo esta informação. A fome é conjuntural, vem quando não chove, mas não a este ponto do farelo", salienta o administrador.

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