18 de julho de 2022

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Agência VOA

O assalto, seguido de disparo com arma de fogo de que foi vítima, neste domingo (17), o antigo comandante-Geral de Polícia Nacional, comissário-geral Alfredo Eduardo Manuel Mingas “Panda”, está ser interpretado por especialistas como o resultado da falta de políticas de integração social dos jovens que não encontram outros meios de subsistência que não o crime.

O conhecido comandante Panda foi alvejado nas primeiras horas da manhã de domingo, quando caminhava por uma das ruas da centralidade do Kilamba, altura em que foi interpelado por dois indivíduos.

Os marginais, que ainda não foram identificados, faziam-se transportar numa motorizada e tomaram da vítima um telefone e uma mascote de ouro, tendo, de seguida, feito um disparo contra uma das pernas do ex-comandante-geral.

De acordo com a fonte da Polícia Nacional (PN), neste momento, o comissário-geral reformado “está fora de perigo” e recebe tratamento médico no Hospital Militar Principal, enquanto as forças da ordem continuam a realizar diligências para localizar os dois supostos marginais que atiraram contra o ex-comandante-geral.

Os psicólogos Carlinhos Zassala e Chano Moreira entendem que o aumento exponencial da criminalidade em Angola e na sua capital, Luanda em particular, muito dificilmente irá abrandar enquanto o desemprego, o consumo de drogas, a pobreza extrema e a desestruturação das famílias continuarem a ser as principais causas.

“A criminalidade não escolhe ninguém e não há autoridade que não possa ser vítima dela”, afirma Carlinhos Zassala, para quem “a criminalidade no país tem estado a aumentar de forma algébrica devido a factores sociais, sendo a ociosidade a mãe de todos os factores”.

Para o psicólogo forense Chano Moreira, “se não se compreendem as causas será muito difícil encontrar o remédio para desintegrar a criminalidade”.

“Nada se faz para desincentivar o crime”, defende aquele especialista.

Alfredo Eduardo Manuel Mingas “Panda” foi comandante-geral da PN, nomeado pelo Presidente, João Lourenço, em 2017, tendo sido exonerado, a seu pedido, na sequência do seu envolvimento num acidente de viação, do qual resultou a morte de duas pessoas.

A insegurança nos bairros de Luanda resultante da criminalidade violenta foi recentemente reconhecida pelo comissário Eduardo Cerqueira, comandante da PN ao afirmar que “Luanda é uma cidade desafiante em termos de prevenção e combate à criminalidade, por apresentar características e factores como a densidade populacional, elevado tráfego rodoviário, grande circulação de valores monetários decorrentes da atividade comercial e concentração no casco urbano do centro político e administrativo do país”.

Aquele responsável defendeu a conjugação de esforços multissetoriais de vários atores sociais, para garantir a segurança da população em Luanda.

“Há a necessidade de se ultrapassar alguns factores de ordem social, tais como deficiência de iluminação pública, sobretudo nos bairros periféricos, deficiente integração de crianças de e na rua, incivilidades decorrentes da existência de mercados de rua, venda ambulante não estruturada, poluição sonora, bem como a prostituição e o desemprego”, precisou o responsável.

A violência urbana, motivada essencialmente para o roubo, tem aumentado muito nos últimos anos.

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