15 de março de 2021

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Após um ano de pandemia da Covid-19, especialistas angolanos consideram que o seu impacto na economia angolana veio apenas destacar as políticas públicas que conduziram o país a uma situação de crise há mais de seis anos.

O economista José Cerqueira acredita que em todos os sectores da vida social houve uma queda acentuada, embora o Instituto Nacional de Estatística não apresente números, mesmo com o abrandamento na repartição do rendimento nacional.

“Uma franja da população caiu na miséria e Angola está mal preparada para uma situação como esta, não há associações que distribuam alimentos, vestuário para as pessoas que caíram na miséria. Temos que reflectir na nossa sociedade os modelos de associativismo. Temos esperança que as coisas mudem com a vacina e que as coisas voltarem ao normal”, afirma Cerqueira.

Em relação à dívida externa com a China, aquele economista acredita que agora é uma boa oportunidade para negociá-la, embora seja preciso rever os mecanismos de contratação de dívidas onde haja maior transparência.

Todavia, entende que o relançamento da economia deve passar pela alteração da actual política fiscal e monetária visando desagravar a crise agudizada pela pandemia da Covid-19.

“Enquanto não houver alterações na política monetária e fiscal vai ser difícil desenvolver um ritmo suficiente para absorver jovens que procuram postos de trabalho e reduzir o desemprego no país. Isto levou a uma crise terrível e perturbações sociais em Angola “, garante.

Políticas integradas precisam-se

Por seu lado, o coordenador da organização não governamental Acção de Desenvolvimento Rural e Ambiente (Adra), Carlos Cambuta, a par dos efeitos da Covid-19, aponta a estratégia de combate à seca como agravante da situação actual.

"Precisamos de políticas integradas para acudir as populações que estão a morrer no Sul de Angola", alerta.

Já o economista Fernando Heitor, entende que estes problemas reflectem-se em desemprego e diminuição do rendimento disponível das famílias, que estão a conduzir o paísa uma redução do consumo e do investimento, pelo que sugeremedidas rápidas e eficazes.

“No caso de Angola os impactos não foram muitos, se comparado com outros países do mundo. O que mais impacta negativamente é a malária, a fome e a pobreza, sendo que as taxas de tributação estão desajustadas com o contexto económico que o país atravessa. A prestação de serviços públicos é precária, portanto a Covid-19 só veio agravar a situação já existente”, alerta Heitor, quem considera fundamental na estruturação da política macroeconómica a diversificação por via da aposta séria na agricultura, numa revolução verde.

“Estamos a sofrer porque a agricultura de sequeiro já não é viável em pleno século 21. Há generais com muitas parcelas de terra e que não fazem nada. Precisamos de uma revolução verde”, defende aquele economista que diz ser utopia as previsões de redução da recessão económica.

Fontes