Agência Brasil

Brasil • 17 de julho de 2009

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A Colômbia já ocupa a quinta posição no ranking dos países com maior número de refugiados no mundo, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). Em 2008, de acordo com levantamento do Acnur, 34 mil pessoas deixaram o país em busca de melhores condições de vida. Por causa da proximidade, muitas delas escolhem o Brasil como destino. A porta de entrada no território brasileiro é a Amazônia, mais especificamente o município de Tabatinga, no extremo oeste do Amazonas, a 1,1 mil quilômetros de Manaus.

Os dados foram divulgados ontem (16), em Manaus, durante a 61ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Os quatro primeiros lugares no ranking de refugiados são, respectivamente, Afeganistão, Iraque, Somália e Sudão.

De acordo com o oficial de proteção do Alto Comissariado das Nações Unidas (Acnur), Gabriel Godoy, a América Latina tem um trânsito intenso de pessoas nas áreas de fronteira. No caso específico dos limites entre Colômbia e Brasil, pelas cidades de Letícia e Tabatinga, respectivamente, a facilidade se dá pela “normalidade” em atravessar as ruas e cruzar a fronteira entre os dois países, sem necessidade de apresentação de passaporte ou qualquer outro documento.

As pessoas que deixam seus locais de origem o fazem por questões diversas, mas sobretudo buscando melhores condições de vida. Parte delas são migrantes, ou seja, pessoas que realizam o deslocamento espontâneo, podendo ser documentado ou irregular. Os outros são refugiados, que por medo de algum tipo de perseguição, seja por motivo religioso, guerra ou outro qualquer, sentem-se obrigadas a sair de seu país e procurar proteção em outro território.

Godoy

O levantamento do Acnur comprova que o maior efetivo de refugiados na Amazônia é proveniente da Colômbia. São pessoas se sentem ameaçadas pelas ações de {{|guerrilheiro}}s no país. Entre eles, estão os povos indígenas, afro-colombianos, crianças e mulheres chefes de família. Os números não são precisos porque muitos delas têm medo de pedir ajuda e preferem viver de forma clandestina nas comunidades mais isoladas da região.

A Pastoral do Migrante no Amazonas estima que pelo menos 1,2 mil migrantes, entre eles refugiados, sejam atendidos por ano na instituição. Em maio deste ano, o governo colombiano calculava que mais de 3 milhões de pessoas haviam deixado seus lares. A fragilidade na fiscalização nos rios amazônicos também facilita a entrada de estrangeiros no Brasil pelas vias fluviais - as verdadeiras “estradas” na Amazônia.

Apesar da procura pela Amazônia, o principal país procurado pelos colombianos não é o Brasil, mas sim a Venezuela. “É mais fácil para o colombiano reconstruir a vida em lugares que falam a mesma língua que eles, como a Venezuela e o Equador. Esses dois países são os que recebem mais colombianos por ano e também têm mais semelhanças com a cultura da Colômbia em relação ao Brasil. Ainda assim, é inegável que a facilidade de trânsito entre Letícia e Tabatinga favorece a entrada dos refugiados no Brasil. São mais de mil quilômetros de fronteira”, acrescentou Godoy.

Para Márcia Oliveira, uma das coordenadoras do Grupo de Estudos Migratórios da Ufam, o Brasil precisa de uma política específica para refugiados. “Infelizmente, os refugiados não confiam totalmente no Acnur e na Polícia Federal e por isso preferem ser clandestinos. Romper com essa invisibilidade é o grande desafio para o Brasil. Governos e sociedade ainda não se conscientizaram do drama que vivem essas pessoas”.

Ainda segundo os dados do Acnur, aproximadamente 25 milhões de pessoas se encontram em todo mundo, hoje, sob proteção da instituição. Desse total, 10,5 milhões são refugiados. O Brasil tem reconhecidos 4,3 mil refugiados.

Fontes