Agência VOA

Nova Yorque, Estados Unidos • 14 de maio de 2009

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O Jornal The New York Times escreve que a al-Qaeda está a aproveitar a turbulência no Paquistão para reforçar a sua presença ali e dar novo ímpeto a outros grupos militantes islâmicos. Citando fontes americanas e paquistanesas o matutino nova-iorquino acrescenta que a campanha de recrutamento do grupo é agora virado a jovens para os preparar para ataques contra alvos locais no Paquistão e não para ataques contra alvos globais.

Isto numa altura em que peritos em contra-terrorismo discutem como se pode impedir, desmantelar e derrotar a al-Qaida. E no momento em que os jatos paquistaneses continuam a atacar suspeitas posições talibãs no vale Swat, na zona noroeste do Paquistão, levando ao êxodo de civis aterrorizados.

Os ataques ocorrem no momento em que a administração Obama se mostra cada vez mais preocupada com os avanços dos talibãs no Paquistão e com os refúgios da al-Qaida em solo paquistanês, próximo da fronteira com o Afeganistão.

O presidente Obama levantou mesmo a questão durante uma cimeira trilateral com os líderes do Paquistão e do Afeganistão.

Estamos reunidos como nações soberanas unidas por objectivo comum: impedir, desmantelar e derrotar a al-Qaeda e os seus aliados extremistas no Paquistão e no Afeganistão, e para impedir que, no futuro, tenham capacidade de operar em qualquer um destes países.

Mas algumas das táticas usadas contra os militantes – especialmente os ataques de aviões não pilotados americanos – podem mostrar ser contra-producentes. O Paquistão protestou fortemente as baixas civis causadas, afirma, pelos ataques aéreos. As baixas, sustenta, provocam sentimentos anti-americanos.

Em face da fragilidade do governo paquistanês, o perito em contra-terrorismo David Kilcullen recomenda mais cautela no uso dos aviões não pilotados.

Não há dúvida que os ataques são tacticamente frutuosos em impedir a al-Qaida e dificultar as suas operações. Mas neste momento devido à situação no resto do Paquistão, tem também o lado negativo, o de contribuir para a instabilidade política.

Kicullen depôs na comissão das Forças Armadas, onde disse também que há necessidade de ganhar a simpatia da população local para dividir os talibãs moderados dos extremistas da al-Qaeda e assim lidar de forma diferente com os dois grupos.

Enquanto a al-Qaida continua a representar uma ameaça para o Ocidente, alguns peritos dizem que o grupo terrorista foi enfraquecido. O coordenador para o anti-terrorismo do Departamento de Estado, Ronald Schlicher, diz que com os combatentes limitados a combater no Paquistão e no Afeganistão, o papel dos líderes da al-Qaeda diminuiu.

"Osama Bin Laden e o doutor Zawahri parecem estar agora numa posição em que reagem aos acontecimentos, não são a sua força motora. Penso que este foi especialmente o caso da segunda metade de 2008."

Mas em lugares como a Somália, grupos inspirados pela al-Qaeda são agora mais fortes. Schlicher nota que o grupo al-Shabab da Somália parece constituir cada vez mais uma maior ameaça para o Ocidente.

"O grupo al-Shabab é um grupo terrorista com ligações à al-Qaeda. Um grupo que tomou a zona sul e central da Somália."

Mas os peritos concordam em que a principal ameaça continua a ser representada pelos combatentes da al-Qaida entrincheirados nas fronteiras montanhosas entre o Paquistão e o Afeganistão.

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