Nota: Atualizado em 17 de janeiro de 2007 por Armagedon. Movida a página para correção de erro ortográfico no título. Para maiores informações veja o histórico.

21 de julho de 2006

Email Facebook Twitter WhatsApp Telegram

 

As organizações humanitárias internacionais e de direitos humanos demonstraram preocupação com o crescente número de vítimas e a crise humanitária advinda do conflito contínuo na região norte do Líbano entre Israel e o Hizbollah. Elas também advertiram aos dois grupos em guerra que as condutas deles talvez não estejam em acordo com as leis internacionais sobre segurança de civis em áreas de combate.

Declaração da UNCHR

A alto-comissária de Direitos Humanos das Nações Unidas, Louise Arbour, demonstrou grande preocupação sobre o número cada vez maior de vítimas no Líbano, em Israel e nos territórios palestinos ocupados. Numa declaração dada na quarta-feira ele pediu para que sejam responsabilizados aqueles que violarem qualquer brecha das leis internacionais.

Segundo sua declaração, o bombardeio indiscriminado de cidades e os ataques a supostos sítios militares onde se prevê a morte de civis é inaceitável e injustificável. Ela pediu também para que fosse respeitado o princípio da proporcionalidade na reação à ação inimiga.

A declaração lembrou as duas partes do conflito que a obrigação de proteger civis durante uma hostilidade é expressa na lei criminal internacional, e avisou que a escalada e a previsibilidade das matanças na região podem resultar em responsabilidade criminal pessoal para os implicados, especialmente para aqueles em posições de comando.

A alta-comissária advertiu ainda sobre a situação humanitária deteriorante, especialmente no sul do Líbano, onde grande número de pessoas, segundo se informa, está cada vez mais privado do acesso a serviços básicos, além de essas pessoas serem obrigadas a mudar de lugar. Ela pediu passagem irrestrita e segura para toda ajuda humanitária.

A avaliação da Cruz Vermelha

Em uma nota para a imprensa em Genebra, Pierre Krähenbühl, que é diretor de operações do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), fez a avaliação do órgão sobre a situação.

Ele disse que o grande número de baixas entre civis e danos à infraestrutura "levanta dúvidas sérias" sobre a vontade de se respeitar o princípio da proporcionalidade em operações de combate.

Na nota, ele citou as cifras aproximadas de 230 mortos e 600 feridos no Líbano, e 13 civis mortos e outros 150 feridos em Israel.

Ele disse que a ajuda médica e a evacuação para aqueles em necessidade estão severamente limitadas pela hostilidade contínua e que a segurança da missão médica é "profundamente problemática". Ele lembrou que grande números de pessoas está abandonando as zonas de conflito.

Ele convidou Israel a permitir que comida e outras provisões essenciais possam passar pelo bloqueio aéreo e marítimo imposto ao Líbano e assim poder chegar até a população civil necessitada.

Ele afirmou que a Cruz Vermelha lembrou as duas partes em conflito, tanto em público quanto em privado, da obrigação de distinguir-se entre civis e alvos militares, obrigação de respeitar o princípio da proporcionalidade, proteger os serviços de assistência médica, poupar civis e garantir a todos o acesso seguro à ajuda médica.

Representações foram feitas junto a Israel com o Ministério de Relações Exteriores e Comando do Exército, no Líbano com o seu primeiro-ministro e também com o Hizbollah, com o qual a Cruz Vermelha tem contato.

Human Rights Watch

A Humans Rights Watch advertiu o Hizbollah sobre atacar alvos civis em Israel e convidou Israel a permitir a entrada segura de comboios de ajuda no Líbano.

Numa nota de imprensa, o grupo de direitos humanos disse que os ataques com foguetes do Hizbollah ocorridos no domingo e na segunda-feira foram "na melhor das hipóteses, ataques intencionais em áreas civis, e na pior das hipóteses ataque deliberado contra civis". Disse que o Hizbollah cometeu sérias violações contra a lei humanitária internacional além de " prováveis crimes de guerra". Os foguetes lançados contra Haifa nos dois últimos dias continham centenas de bola metálicas que são de uso exclusivo para alvos militares, e que causam grandes danos a civis e a suas propriedades, acrescentou a nota.

A nota também disse que as cidades da fronteira do Líbano já enfrentam séria falta de comida e remédios, e estão em necessidade urgente de provisões. Ela pediu a passagem segura de comboios de ajuda, depois de lembrar que um comboio de ajuda foi atacado com mísseis, segundo informou a Sociedade Vermelho Crescente dos Emirados Árabes Unidos. De acordo com esta última, um comboio que foi claramente marcado como de ação de emergência, que continha provisões médicas e remédios e era formado por várias ambulâncias, mesmo assim foi atacado e pelo menos uma pessoa morreu.

Anistia Internacional

A Anistia Internacional convidou o Conselho de Segurança das Nações Unidas a fazer uma reunião de emergência para adotar medidas para proteger civis pegos no meio do crescente conflito entre Israel e Líbano. Ela alegou que os estados membros do G8, durante a cúpula recentemente concluída, nas suas discussões sobre o conflito falharam em "colocar a proteção de civis acima da política". A Anistia condenou a continuação dos ataques contra civis tanto por Israel quanto pelo Hizbollah.

Respostas de Israel e Hizbollah

Um funcionário israelense disse à BBC: "sentimos que a proporcionalidade deve ser julgada em termos da ameaça que enfrentamos. Esta não é apenas uma questão de seqüestros. O Hizbollah tem um enorme arsenal e disparou mil mísseis contra nós. Estamos agindo em legítima defesa". Ele também disse que o Hizbollah muitas vezes se esconde em áreas civis, mas que o Israel despejou de avião avisos para os civis partirem antes de um ataque.

Hizbollah disse que os soldados israelenses capturados servem para ser usados como "troca" com Israel e que os ataques com foguetes é uma retaliação para o ataque israelense contra o Líbano e os seus civis. O xeique Hassan Nasrallah, o líder de Hezbollah, disse: "quando os sionistas se comportam como se não houvesse nenhuma regra, e nenhuma linha vermelha, e nenhum limite de confrontação, é nosso direito comportar-se do mesmo modo."

Fontes

Nota: Atualizado em 10 de setembro de 2006 . Para maiores informações veja o histórico.