Agência VOA

Polícia diz que é preciso apresentar queixa

15 de janeiro de 2019

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Os pais de um activista que denuncia o envolvimento de oficiais do Serviço de Investigação Criminal (SIC) no tráfico de drogas na província angolana de Benguela, com uma rede de prostitutas pelo meio, estão a ser alvo de ameaças de indivíduos ligados aos visados em publicações feitas a partir de Portugal.

Autor de denúncias que incluem ainda o tráfico de armas, o jovem Salazar Sabalo conta que o seu pai, a residir no Lobito, é um homem inseguro, mas avisa que estas ameaças de agressões físicas não vão condicionar o que faz.

Em 2013, o então comandante da Polícia e delegado provincial do Interior, comissário António Maria Sita, dizia que muita droga pesada circulava por Benguela, uma província estratégia para os barões, cuja identidade não revelou.

Seis anos depois, o activista Salazar Sabalo, que usa as redes sociais para o seu exercício de cidadania, denuncia o envolvimento de oficiais do SIC, funcionando, conforme detalha, enquanto protectores dos supostos traficantes, jovens identificados nas publicações.

Trata-se, avança a fonte, de um esquema que envolve armas, raparigas associadas à prostituição, ao abrigo do qual os policiais andarão a receber propinas mensais.

À VOA, Salazar Sabalo conta que os seus pais estão a ser intimidados por pessoas próximas aos visados.

"A preocupação dos meus pais é a insegurança. Nas ameaças, eles dizem que o senhor não pode andar muito por causa do seu filho que faz denúncias que não devem ser feitas. Chegam mesmo a insinuar que podem até ir às bruxas para lhe fazer mal física e espiritualmente", conta Sabalo, ao garantir que "a cidadania não vai parar, a mudança exige sacrifícios".

O porta-voz da delegação provincial do Interior, Pinto Caimbambo, sugere uma participação das ocorrências à Polícia, mas o activista apresenta reticências.

"Não apresentou ainda nenhuma queixa, porque ele teme, o Lobito é pequeno… eu também não acredito na Polícia, os comandantes formam uma quadrilha. Se ele for apresentar queixa, as pessoas ficarão a saber da sua morada e de outros dados da família’’, justifica o activista.

Fontes