4 de junho de 2020
Enquanto do outro lado do Oceano Atlântico, nos Estados Unidos, protestos contra a violência policial se sucedem desde a morte de George Floyd, em Paris uma manifestação organizada pelo Comitê Adama reuniu mais de 20 mil pessoas no pátio do tribunal nesta terça-feira (2), no final da tarde.
Essa manifestação, convocada pelo Comitê Adama exige “justiça para Adama Traoré”, jovem que morreu em julho de 2016 enquanto foi preso pela guarda nacional. A Prefeitura de Paris proibiu o evento se baseando no decreto vinculado à emergência sanitária, que proíbe reuniões de mais de 10 pessoas em espaço público, a fim de combater a pandemia de COVID-19.
Apesar dessa proibição, 20 mil pessoas se reuniram para gritar e exibir placas com as inscrições "vidas negras importam" e "eu não consigo respirar", frase proferida por George Floyd, mas também por Adama Traoré durante sua prisão em 2016.
A irmã de Adama, Assa Traoré, fez um discurso para agradecer a forte mobilização dos manifestantes; em particular, ela anunciou que essa mobilização "é apenas o começo" e que os presentes "fizeram história". Assa Traoré pede o fim da "impunidade policial".
Essa manifestação, convocada pelo Comitê Adama em 27 de maio, surge ao mesmo tempo em que, nos Estados Unidos, a morte de George Floyd mobilizou a opinião pública, mas em 2 de junho também foi o dia em que os resultados da contra-perícia realizada a pedido da família de Adama Traoré foram revelados. Em 29 de maio, um relatório de especialistas, realizado a pedido dos juízes responsáveis pelo caso, exonerou os guardas da morte de Adama.
A opinião desses especialistas concluiu que o jovem havia morrido de asfixia, mas que a origem seria um "edema cardiogênico", que tornou possível isentar os guardas de serem responsabilizados pela morte durante a prisão pela técnica de revestimento ventral.
O novo parecer põe em causa a prisão realizada pela polícia. A segunda opinião indica que a morte de Adama Traoré é realmente asfixia causada por um edema cardiogênico, mas que esse edema "segue uma asfixia posicional induzida pelo revestimento ventral".
A manifestação terminou com violência; móveis de rua foram transformados em barricadas e lojas ao redor viram suas janelas quebradas. A polícia anunciou que havia realizado 18 prisões; o delegado denunciou a manifestação ao promotor público para que uma investigação pudesse ser realizada. O promotor ainda não deu seguimento ao alerta.
O ministro do Interior, Christophe Castaner, disse em um tweet que "a violência não tem lugar na democracia" e que "nada justifica os excessos que ocorreram nesta noite em Paris, enquanto comícios nas vias públicas são proibidos, impedindo proteger a saúde de todos". Entrevistado no Senado na quarta-feira, ele também disse que "toda falha, todo excesso, toda palavra, incluindo expressões racistas serão investigadas".
Fontes
Esta notícia é uma tradução completa ou parcial de "France : 20 000 manifestants à Paris contre les violences policières", proveniente de Wikinotícias em Francês. |
- ((fr)) Christophe Castaner promet "une sanction" pour "chaque faute" ou mot raciste dans la police — France Info, 3 de junho de 2020
- ((fr)) Louise Couvelaire. Une nouvelle expertise exonère les gendarmes dans la mort d’Adama Traoré — Le Monde, 29 de maio de 2020
- ((fr)) Louise Couvelaire. Mort d’Adama Traoré : une nouvelle contre-expertise met en cause les gendarmes — Le Monde, 2 de junho de 2020
- ((fr)) Henri Seckel e Louise Couvelaire. « Justice pour Adama ! » : 20 000 personnes rassemblées à Paris contre les violences policières — Le Monde, 3 de junho de 2020
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