16 de setembro de 2024

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Amitabh Bachchan

Por Global Voices

O cinema não é apenas uma tendência passageira na Índia – é uma parte vital da cultura do país e da vida do seu povo. A Índia, que produz cerca de 2.000 filmes cinematográficos anualmente, respira esta forma de arte, utilizando-a para reflectir a sua cultura única e a diversidade das suas fontes, incluindo os seus conflitos políticos, religiosos e étnicos.

Este tem sido o caso desde a ascensão de Amitabh Bachchan – apelidado de “Jovem Furioso” devido à sua representação de personagens anti-heróis desiludidos – na década de 1970, continuando no novo milénio com filmes que romperam com a fórmula típica de Bollywood, como “My Name is Khan”, de Shah Rukh Khan, que abordou corajosamente a discriminação que os muçulmanos enfrentaram após o 11 de Setembro, ou filmes como “Pink”, que abordou a violência contra as mulheres, e “Bajrangi Bhaijaan”, que explorou conflitos políticos entre países vizinhos. Isso ocorre apenas no cinema em hindi – a diversidade aumenta muito quando você considera todas as outras línguas em que os filmes são feitos.

Recentemente, este discurso cinematográfico indiano trouxe-nos um novo filme através da Netflix, que aborda uma questão controversa: a situação dos trabalhadores migrantes nos países do Golfo Pérsico. O filme é baseado na história real de um cidadão indiano que viajou para a Arábia Saudita e gerou polêmica no reino.

A Vida da Cabra (‘The Goat Life’), um filme de três horas, retrata a vida de Najeeb Muhammad, um jovem simples do estado de Kerala, no sudoeste indiano, que sonha em ir para o exterior para garantir um futuro melhor para seu filho ainda não nascido. Segundo a história, Najeeb e seu irmão mais novo lutam para reunir o dinheiro necessário para obter um visto para um país do Golfo. Depois de muitas dificuldades, eles conseguem um emprego em uma empresa saudita e suas vidas começam a parecer um sonho róseo – até chegarem ao aeroporto de Jeddah. Aqui, suas vidas tomam uma reviravolta dramática quando o patrocinador de Najeeb, ou “kafeel”, o força a viver sozinho no deserto, tendo apenas cabras como companhia. O filme mostra como, com o passar do tempo, Najeeb se torna uma das cabras, perdendo todo o senso de emoção, de tempo e até mesmo a vontade de falar ou pensar.

Esse isolamento prejudica sua memória e sua fala e o filme acompanha sua jornada angustiante até que ele escapa milagrosamente após três anos de sofrimento.

O filme foi lançado pela primeira vez em 29 de março e arrecadou quase um bilhão de rúpias (cerca de US$ 12 milhões; cerca de 60 milhões de reais) em toda a Índia, apesar de não estar em hindi – a principal língua de Bollywood. Em vez disso, o ator principal fala Malayalam, a língua de Kerala. Na verdade, o cinema malaiala, conhecido como Mollywood, tem prosperado com vários sucessos de bilheteria e muitos prêmios nos últimos anos, enquanto o mais conhecido idioma hindi, Bollywood, tem enfrentado dificuldades.

A interpretação de Najeeb pelo ator Prithviraj Sukumaran impressionou o homem da vida real cuja história inspirou o filme. O homem comentou sobre a atuação, dizendo: “Senti como se estivesse vendo um reflexo de mim mesmo na maioria das cenas do filme”.

Reação saudita

Embora o filme esteja disponível na Netflix desde 19 de julho, a reação saudita só começou com a adição de legendas em árabe, o que chamou a atenção do público do Golfo para o filme. O sucesso significativo do filme e o debate global que suscitou também despertaram a atenção do mundo árabe, especialmente da Arábia Saudita, para o filme.

Alguns sauditas criticaram o filme antes mesmo de assisti-lo, sentimento que ficou evidente na plataforma de mídia social X (antigo Twitter), onde usuários sauditas lançaram ataques ferozes ao filme e aos seus criadores, fazendo circular muitas alegações falsas sobre a produção - por exemplo: muitas postagens e tweets alegaram falsamente que o filme foi filmado nos Emirados Árabes Unidos, levando a críticas tanto dos Emirados Árabes Unidos quanto de Omã, terra natal do segundo ator principal do filme.

Fontes

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