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Brasil • 10 de agosto de 2005

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O deputado Paulo Pimenta (PT), vice-presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Compra de Votos, também conhecida como CPI do Mensalão, disse que recebeu do empresário brasileiro Marcos Valério uma nova lista com os nomes de pessoas que supostamente receberam dinheiro dele em 1998, de forma irregular. A lista é mais extensa do que aquela divulgada pelo empresário no depoimento para a CPI na terça-feira (9), e supostamente relaciona nomes de várias pessoas ligadas ao Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).

No início da reunião conjunta das Comissões de Inquérito dos Correios e do Mensalão, para ouvir o empresário Cristiano Paz, sócio de Marcos Valério na empresa SMPB, Pimenta disse que recebeu a lista de Valério terça-feira à noite, sozinho, na garagem da Câmara dos Deputados. A divulgação da informação fez com que muitos integrantes das comissões se indignassem, e teve início uma grande confusão, o que obrigou a suspensão temporária do encontro.

Pimenta disse que iria enviar o documento à secretaria da comissão, mas vários parlamentares presentes disseram que gostariam de ver a lista antes do encaminhamento. Os parlamentares questionam a ética de Pimenta, que também pertence ao Partido dos Trabalhadores, porque ele revelou que obteve a lista num encontro reservado, na garagem da Câmara dos Deputados, com o empresário Marcos Valério.

O deputado Júlio Redecker do PSDB disse ter visto Pimenta "pegar carona [viajar à boleia]" com Marcos Valério, na madrugada de quarta-feira (10), depois dos trabalhos da CPI do Mensalão, da qual Valério participou como depoente. Pimenta disse que entrou no carro, mas que não viajou com o empresário.

Foram pedidas cópias das fitas do circuito interno de televisão da garagem da Câmara dos Deputados para verificar se o vice-presidente da CPI do Mensalão tomou carona com Marcos Valério.

O Vice-Presidente da CPI do Mensalão primeiro alegou que recebera a lista dos advogados de Marcos Valério (Marcelo Leonardo e Paulo Sérgio). Os advogados — que são os mesmos de Cristiano Paz, sócio de Valério ouvido na reunião — negaram ter entregue a lista ao deputado. Pimenta então disse que a lista já circulara pela CPI anteriormente e que seria oriunda de investigações do Supremo Tribunal Federal (STF), e que tinha sido oficialmente entregue por Valério por causa da ausência de comprovantes das operações financeiras.

O senador Sérgio Guerra (PSDB) disse que abrirá processo, ou na CPI ou no Conselho de Ética, para questionar a atuação do Vice-Presidente Paulo Pimenta. Guerra disse que Pimenta "não poderia entrar em carro de investigado [Marcos Valério]".

Segundo o presidente da CPI do Mensalão, senador Amir Lando (PMDB-RO), a lista apresentada por Pimenta não é nova e pode ter sido adulterada. Lando disse que a lista "circulou" ontem pela comissão, durante o depoimento do empresário, e que ela se refere a um processo que tramita no STF contra o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), o vice-governador de Minas Gerais, Clésio Andrade, e Marcos Valério. Depois de ser contradito pelo presidente da CPI, Pimenta reconheceu que cometeu “um engano" por ter acreditado que a lista divulgada por ele era nova.

No início da noite, Amir Lando voltou a falar sobre a lista apresentada por Paulo Pimenta e deixou bem claro que a lista, a qual chamou de "imprestável" por falta de provas, pelo menos por enquanto, não deve ser levada a sério pelas comissões de inquérito. A lista é imprestável. É um dossiê sem assinatura, sem origem, que não foi encaminhado formalmente à comissão. Não há nova lista a ser considerada, disse o Presidente da CPI do Mensalão.

Segundo Amir Lando, a lista apresentada pelo deputado Paulo Pimenta (PT), que contêm nomes de políticos de diversos partidos supostamente beneficiados por recursos arrecadados pela empresa SMPB, faz parte do Processo 3067-2, que tramita no STF. O processo é uma petição de uma ação civil pública proposta pelo Ministério Público Federal contra o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), o Vice-Governador de Minas Gerais, Clésio Andrade, e Marcos Valério. A acusação do processo contra eles é a suposta prática de irregularidades no patrocínio do "Enduro da Independência", em 1998, época em que Azeredo era governador de Minas, candidato à reeleição e Clésio candidato a Vice-Governador. Henrique Fontana, deputado do Partido dos Trabalhadores (PT), solicitou a Amir Lando para que providenciasse junto ao STF uma cópia do processo.

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Fontes