Brasil • 6 de fevereiro de 2015

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Após a recomendação da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) de que mulheres com mais de 40 anos façam mamografia anualmente, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) afirmou que a orientação do Ministério da Saúde é que mulheres na faixa de 50 a 69 anos, sem sinal da doença, façam o exame a cada dois anos. Segundo o Inca, a inclusão de mulheres com 40 a 49 anos no rastreamento "tem limitada evidência de redução da mortalidade, além do fato de o balanço entre riscos e possíveis benefícios do rastreamento ser desfavorável". De acordo com o instituto, a mamografia tem menor sensibilidade em mulheres na pré-menopausa, devido à menor densidade mamária.

Além disso, o Inca argumenta que "não há evidências conclusivas de que a periodicidade anual traga mais benefícios do que a bienal, e os danos associados ao rastreamento aumentam muito". O instituto não se posicionou sobre a afirmação de que é necessário distribuir melhor os mamógrafos porque não teve acesso ao estudo completo da SBM, mas afirmou que 50% das mulheres com 50 a 69 anos vivem na Região Sudeste. Ontem (5), referindo-se à cobertura privada e pública, o presidente da Comissão de Imaginologia da SBM, José Luis Esteves, disse à Agência Brasil que as regiões Norte e Nordeste precisam de mais mamógrafos e que os equipamentos estavam concentrados no Sul e no Sudeste.

Ontem (5), Dia Nacional da Mamografia, a Sociedade Brasileira de Mastologia, por meio de um estudo próprio, afirmou, com base em informações do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS), que, de 10 milhões de mamografias esperadas pelo Inca em mulheres na faixa etária dos 50 aos 60 anos, apenas 2,5 milhões foram feitas em 2013. O Inca afirmou que não foi a fonte de tal estimativa e que ela não abrange a faixa etária recomendada pelo instituto.

A Sociedade Brasileira de Mastologia considera a mamografia, feita com qualidade e periodicidade anual, "o modo mais preciso de diminuir a mortalidade por câncer de mama" e cita pesquisa feita no Canadá com mulheres de 40 a 79 anos, observadas por 19 anos. Segundo a pesquisa, as canadenses que fizeram o exame tiveram taxa de mortalidade 40% menor.

Em nota enviada hoje (6), a SBM voltou a defender a recomendação para mulheres com 40 a 49 anos, argumentando que 25% das brasileiras que terão câncer de mama desenvolverão a doença nessa faixa etária. A instituição destaca que, com base no estudo canadense, seria possível afirmar que a redução da mortalidade possibilitada pelo exame anual a partir dos 40 anos salvaria mil mulheres por ano. "Desta forma, a SBM entende que o benefício é muito maior do que o risco". Assina a nota o presidente da SBM, o mastologista e epidemiologista Ruffo de Freitas Junior.

A respeito da pesquisa com informações do DataSUS, a SBM informou que a faixa etária pesquisada foi dos 50 aos 69 anos e disse que cruzou os dados com as informações populacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e com as metas do Inca para mamografias, que, segundo a SBM, é de realizar o procedimento em 58,9% da população-alvo.

Fontes