21 de setembro de 2005

Chávez: "Nações Unidas na América do Sul". Foto (arquivo): Victor Soares/ABr.
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O presidente da Venezuela Hugo Chávez, durante sua intervenção ante a Assembléia Geral das Nações Unidas (ONU), atacou as propostas de reforma da organização internacional e defendeu a mudança do local da sua sede, para outro país.

Chávez qualificou de "martelada ditatorial, irritante, nula e ilegal" o documento que sexta-feira passada (16) assinaram os representantes de cerca de 200 países, durante a reunião que aconteceu em Nova Iorque.

Chávez disse:

"O propósito original desta reunião foi desvirtuado. Impuseram a nós que o centro do debate fosse um mal chamado processo de reformas... a adoção de medidas para enfrentar os verdadeiros problemas que põem obstáculos aos esforços de nossos países pelo desenvolvimento".

Chávez afirmou que a ONU precisa de reformas mais drásticas e profundas. Também declarou que as metas de desenvolvimento e eliminação da pobreza não serão atingidas dentro dos prazos propostos:

"A crua realidade é que a grande maioria das metas planjeadas, ainda que modestas, não serão atingidas... As Nações Unidas esgotaram seu modelo. O século XXI pede mudanças profundas que só são possíveis com uma refundação desta organização".

Para Chávez, a meta de reduzir a fome em escala mundial pode ser atingida em 2215 e não em 2015. Para ele a meta de redução dos níveis de analfabetismo dificilmente será atingida em 2100.

Uma das propostas mais controvertidas de Chávez foi a de mudar a sede das Nações Unidas para fora dos Estados Unidos da América, e evitar o que chamou de "violações à legalidade internacional", numa crítica à presença das tropas norte-americanas no Iraque. Chávez afirmou: "O povo americano sempre foi muito rigoroso com a exigência da verdade de seus governantes. Os povos do mundo também... Por isso propomos a esta Assembléia que as Nações Unidas saiam de um país que não é respeitoso com as próprias resoluções desta Assembléia... A nova sede da ONU deve ser no Sul".

Sobre a crise energética, Chávez disse:

"Enfrentamos hoje uma crise energética sem precedentes no mundo. Nela se combinam perigosamente um incomparável crescimento do consumo energético, a incapacidade de aumentar a oferta de hidrocarbonetos e a perspectiva de uma diminuição nas reservas de combustíveis fósseis. O petróleo começa a acabar. Para o ano de 2020, a demanda diária de petróleo será de 120 milhões de barris. Sem levar em conta futuros aumentos, serão consumidos em 20 anos uma cifra similar a todo o petróleo que gastou a humanidade até o momento. O que significará inevitavelmente um aumento nas emissões de dióxido de carbono que, como se sabe, aumenta a cada dia a temperatura de nosso planeta".

O presidente venezuelano manifestou também sua preocupação pela freqüência com que furacões como o Katrina causam grandes catástrofes e disse que isso se deve ao aquecimento global. Aproveitou para expressar sua solidariedade com as vítimas.

Em referência às tensas relações de seu país com os Estados Unidos e ao episódio com o "tele-evangelista" Pat Robertson, Chávez declarou:

"O único país onde uma pessoa se pode dar o luxo de pedir o assassinato de um chefe de Estado são os Estados Unidos. Como aconteceu há pouco com um reverendo chamado Pat Robertson, muito amigo da Casa Branca. Pediu publicamente ante o mundo meu assassinato, e anda livre. Delito Internacional, terrorismo internacional."


Fontes