Brasil • 7 de abril de 2005

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O cardeal brasileiro dom Eusébio Oscar Scheid, fez duras críticas ao presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva logo que chegou em Roma, terça-feira, para assistir aos funerais do papa João Paulo II e participar do Conclave que escolherá seu sucessor. As críticas aconteceram após ele ter sido inquirido pelo jornalista do jornal brasileiro O Estado de São Paulo, que perguntou se era chegada a hora de o Brasil ter um papa brasileiro, tendo em vista que já tem um operário presidente.

Dom Eusébio disse as seguintes palavras a respeito do presidente brasileiro:

Não, não mistura o Lula nessa história ainda não. Aí confunde tudo, porque ele com o Espírito Santo não se entende muito bem. (...) Lula não deve se meter ou dar palpites [na eleição do Papa]. Ele está buscando tirar dividendos políticos com isso. Ele [presidente Lula] vem a Roma como autoridade do país e é bonito que o faça. Óbvio que ele não precisaria vir em seu avião particular. (...) Você acha que Lula conhece o Espírito Santo? (...) Ele [presidente Lula] não tem uma fé retilínea. Ele tem atitudes que não são lógicas pela nossa fé. Não é uma fé cultivada. Lula nasceu em um meio operário com todas as confusões, nunca teve uma formação e um aprofundamento de sua própria fé.

O cardeal criticou duramente o governo:

Ele está muito mal assessorado. Estamos quase em uma ditadura partidária pois são todos do PT. Ele [o presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti] se tornou um obstáculo a essa ditadura partidária. O primeiro golpe que ele [presidente Lula] levou foi do nordestino. (...) Lula me disse que é contra [o aborto]. Mas seu partido é a favor. (...) Tenho minhas dúvidas [sobre a palavra do presidente Lula]. Os políticos uma hora dizem uma coisa e no outro dia dizem outra. (...) Quem é católico não pode ser a favor do aborto. Quem é cristão e quiser seguir Cristo não pode estar de acordo com isso. São essas as coisas que chamo de caóticas. Não há uma linha clara.

O cardeal criticou a política externa brasileira:

É excessivamente à esquerda. (...) Achei que eram dois bobocas se encontrando [o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente de Cuba, Fidel Castro]. A esquerda nunca trouxe benefícios para ninguém. Observem a Rússia, a China e Cuba.

O cardeal mencionou o programa de assistência social brasileiro Fome Zero:"Isso humanamente já tem de fazer. Antes dele [do presidente Lula], nós já fazíamos isso. Há muito tempo a Igreja se ocupa dos pobres no Brasil. "

Sobre o futuro papa: "Vou ainda ter uma conversa com o Espírito Santo."

Sobre a possibilidade de o próprio cardeal ser papa:"Ninguém gosta de ser Papa. Quem é que quer ser Papa?"

As críticas do cardeal tiveram bastante repercussão. O governo preferiu não comentar oficialmente o assunto.

Quarta-feira, Dom Eusébio Oscar Scheid e o cardeal Dom Cláudio Hummes tentaram amenizar as críticas feitas terça-feira. Dom Eusébio disse que elas foram feitas como reação a uma pergunta num momento inapropriado, quando acabava de chegar de uma viagem muito cansativa. Ele assegurou que não pretendia atacar a autoridade do governo. Dom Cláudio Hummes disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não é católico como os outros católicos (que são diferentes entre si), mas que pode ser considerado católico.

Fontes