Agência VOA

Afeganistão • 12 de março de 2012

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Subiu para 16 mortos, o número de civis afegãos mortos a tiros pelo soldado americano na província de Kandahar (sudeste do Afeganistão) e a identidade do soldado não foi revelado. Entidades oficiais americanas identificaram o atacante como sendo um sargento do exército acrescentando que ele tinha agido sozinho. Alguns dos corpos foram parcialmente incinerados.

O ataque aconteceu ontem, quando o soldado deixou a base militar em Panjwai por volta das 3 horas (19hs30min do dia 10, no horário de Brasília) e invadiu casas, abrindo fogo contra moradores. Em seguida, fugiu do local e voltou na mesma base militar, onde ele se entregou a oficiais norte-americanos.

Abdul Samad, pai de umas das vítimas, que aparece dentro de um carro, foi único sobrevivente, pois não estava no momento do ataque. Samad era entre 2 milhões de refugiados afegãos durante o Regime Taliban (1996-2001), que retornou toda a família em 2002 após a chegada de tropas afegãs e internacionais, por achar que estava seguro até o massacre.

O governo afegão e as forças da NATO continuam a investigar as ações militar do americano acusado de assassinar 16 civis. Entretanto o comandante das forças da NATO (ou OTAN) no Afeganistão, o general John Allen, “lamentou profundamente” o sucedido apresentando as suas condolências às famílias das vítimas. Disse ainda que será realizada rapidamente uma investigação e que o militar americano em questão terá que responder pela sua ação. O porta-voz das forças da NATO no país, o brigadeiro Carsten Jacobson, afirmou entretanto que o incidente de Kandahar será investigado como assassinato e não como parte da operação militar.

O presidente afegão Hamid Karzai considerou ontem o incidente como imperdoável e exigiu explicações ao governo americano. De acordo com Karzai 9 vítimas eram crianças e outras três mulheres. O presidente afegão considerou o ataque como “um assassinato intencional de civis inocentes que não seria esquecido”.

Por seu lado, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, expressou a sua preocupação acrescentando que estava a seguir de perto a situação. Afirmou que se tratou de um ataque “trágico e chocante” e que “não era representativo do excepcional caráter dos militares americanos”.

A guerrilha-milícia Taliban, que governou o país de 1996 a 2001 (quando foi derrubado por Estados Unidos e aliados por abrigar terroristas da Al-Caeda) emitiu comunicado hoje jurando vingança pelos assassinatos.

Histórico editar

Este incidente é o último de uma série que tem vindo a fazer aumentar a tensão entre Washington e Kabul, verificou-se no momento em que as forças americanas e afegãs estão a negociar a transferência das operações de segurança para as forças afegãs. Aumenta entretanto a preocupação de que o incidente possa alimentar uma vaga de protesto semelhante à verificada no mês passado depois da queima de exemplares do Alcorão numa base militar americana.

Os dois lados já concluíram um acordo para a transferência do controlo de um centro de detenção no prazo de seis meses e esperam agora chegar a um outro acordo que deverá definir o papel dos Estados Unidos no Afeganistão assim como a retirada de grande parte dos 98 mil soldados americanos do país até 2014.

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Fontes editar