Rússia intensifica esforços de desinformação à medida que seu controle enfraquece sobre a Síria pós-Assad
3 de janeiro de 2025
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
O Kremlin está a utilizar a incerteza que se segue à deposição do governante sírio Bashar al-Assad, e à potencial perda da influência militar da Rússia na Síria, para acusar os Estados Unidos de semear instabilidade no país.
Em 29 de Dezembro, o Ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, sinalizou que o fim do regime de Assad levaria a Rússia a “fazer certos ajustes na presença militar da Rússia na Síria”.
Lavrov disse que a continuação do envio de forças russas e o futuro das suas bases “poderiam ser objecto de negociações com a nova liderança síria”.
Particularmente preocupante para Moscovo é o destino da sua base naval de Tartus e da base aérea de Hmeimim, localizada na costa mediterrânica da Síria. A base naval estabelecida pela União Soviética durante a Guerra Fria e a base aérea em 2015 como posto de comando estratégico serviram ambas como centros militares da Rússia no Médio Oriente.
Neste contexto, a inteligência russa está a promover teorias conspiratórias de que os EUA e os aliados estão a planear ataques a essas instalações e a tentar desestabilizar o país.
Em 28 de Dezembro, o Serviço de Inteligência Estrangeiro da Rússia, ou SVR, acusou as agências de inteligência dos EUA e do Reino Unido de “elaborar planos para organizar uma série de ataques terroristas às instalações militares russas na Síria”.
Esses planos, afirmou o SVR, sem provas, envolveriam o uso de militantes do Estado Islâmico, ou EI.
A Rússia há muito que propaga a falsa narrativa de que os EUA procuraram a derrubada de Assad para desestabilizar o Médio Oriente e controlar os seus recursos petrolíferos.
Apesar da afirmação da Rússia, os EUA têm trabalhado durante anos para erradicar a ameaça do EI, inclusive com as Forças Democráticas Sírias, ou SDF, lideradas pelos curdos, no nordeste da Síria.
Os EUA e as FDS derrotaram o EI no seu reduto final, Baghuz, perto da fronteira da Síria com o Iraque, em Março de 2019. Nesse ano, as forças dos EUA mataram o líder do EI, Abu Bakr al-Baghdadi, durante um ataque no noroeste da Síria.
Os curdos supervisionam prisões que abrigam milhares de combatentes do EI e suas famílias.
As forças russas, pelo contrário, visavam regularmente grupos armados que combatiam o EI e não deram prioridade ao combate aos terroristas do EI durante a intervenção de Moscovo na Síria.
Com a saída de Assad, há sinais de que a Rússia duvida da sua capacidade de manter a presença militar na Síria.
Nas últimas semanas, aviões de carga russos que supostamente transportavam equipamento militar voaram da Síria para o leste da Líbia, grande parte da qual está sob o controlo de Khalifa Haftar, descrito pela France 24 como “o homem da Rússia” no país.
A Rússia também teria transferido meios militares para bases no Mali e no Sudão, onde Moscovo mantém a presença das tropas do seu Corpo Africano – antigo Wagner.
Apesar dos esforços para encontrar alternativas, os especialistas dizem que a potencial perda das suas bases na Síria pela Rússia poderá prejudicar seriamente a capacidade da Rússia de projectar poder no Médio Oriente e em toda a África.
Em 30 de Dezembro, a Al Jazeera informou que o novo governo da Síria tinha criado postos de controle em torno da base aérea de Hmeimim. As forças de segurança sírias alegaram que a Rússia estava abrigando apoiadores leais a Assad nas instalações.
Fontes
editar- ((en)) William Echols. Russia ramps up disinformation efforts as its grip weakens over post-Assad Syria — VOA News, 2 de janeiro de 2025
Conforme os termos de uso "todo o material de texto, áudio e vídeo produzido exclusivamente pela Voz da América é de domínio público". A licença não se aplica a materiais de terceiros divulgados pela VOA. |