Caracas, Venezuela • 21 de janeiro de 2009

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Depois de virar uma espécie de “cabo eleitoral” do democrata Barack Obama, para justificar os ataques contra o republicano John McCain, agradecer o povo americano ter elegido Obama, derrotando o candidato do então presidente George W. Bush e dizer que o novo presidente teria uma relação mais amistosa com a Venezuela no ano passado, o presidente venezuelano Hugo Chávez, mudou de opinião sobre Obama na quinta-feira, dia 16.

O presidente lamentou que o presidente eleito “repita” o mesmo discurso contra a Venezuela do antecessor George W. Bush, noticia a “EFE”. Chávez citou uma entrevista de Obama numa TV norte-americana, na segunda-feira, dia 12, onde fez duras críticas ao Governo de Venezuela pelas alegadas ligações a grupos “terroristas”, como as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).

“Ficamos muito preocupados com isso, ele (Obama) atirou-me uma pedra”, disse Chávez. Segundo o líder venezuelano, Barack Obama terá ainda afirmado que “Chávez foi uma força que interrompeu o progresso na região” e que a Venezuela “está a exportar atividades terroristas”. “Quem interrompeu o progresso na região e o progresso no mundo foi Bush”, que, aliás, deixou ao sucessor uma “herança terrível, como é crise econômica, social e moral”, atirou o líder venezuelano.

As declarações do antigo senador norte-americano “repetem as de Bush” o que é “lamentável” e faz com que a relação bilateral comece “com o pé esquerdo”. “Vejam o que (Obama) começou a dizer. O que nos espera então? Continuar a lutar. Agora, se ele respeitar a Venezuela, receberá uma resposta de respeito, se vem dialogar, dialogaremos sem restrições, porque este país e este povo respeita o senhor Obama”, advertiu.

Para Chávez, o presidente eleito “ainda vai a tempo de retificar as declarações”. “Oxalá respeite as normas da diplomacia (...) e deixe de apoiar estes movimentos fascistas” na Venezuela, numa alusão aos seus opositores.

O presidente voltou a afirmar no sábado, dia 17, que Obama será "uma decepção para seu povo e para o mundo". As declarações foram feitas após Obama haver afirmado que o presidente venezuelano era um "grande obstáculo" ao progresso da América Latina. "Obama parece ser a mesma coisa", disse Chávez, durante um ato com mulheres militantes de seu recém-formado Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) realizado no estado de Carabobo, centro do país. "Eu não me meti com Obama, e exijo do novo presidente dos Estados Unidos que não se meta com a Venezuela. Já faz um tempo que não somos colônias", acrescentou.

Na véspera da posse, o venezuelano voltou acusar o novo presidente de querer apoiar a oposição venezuelana e de querer vê-lo fora da presidência do país. "Ele disse que eu sou um obstáculo para o progresso da América Latina", afirmou Chávez. "Então esse obstáculo precisa ser removido, certo?", acrescentou. O presidente aproveitou para ordenar reprimir com violência os estudantes que protestaram o governo em Caracas.

Os ataques do Chávez ocorrem quase duas semanas depois que o Congresso venezuelano aprovou novo referendo para dia 15 de fevereiro, pais mais uma reeleição ilimitada. Caso seja aprovada, ele tentará nova reeleição em 2012.

Fontes