Polícia Militar do Pará reprime protesto de comunidade quilombola no Marajó com balas de borracha e bombas de gás, atingindo escola infantil

24 de março de 2025

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Na quarta-feira (19/03/25), comunidades quilombolas do Marajó foram alvo de repressão policial enquanto protestavam contra o aumento das tarifas do transporte hidroviário. O reajuste elevou o preço das lanchas de R$ 45 para R$ 52, e o custo do transporte de cargas, operado pela empresa Henvil Transporte, subiu de R$ 394 para R$ 485.

O impacto do aumento é significativo para a economia local, afetando cidades como Salvaterra, Soure e Cachoeira do Arari, onde se encontram 17 comunidades quilombolas. Essas populações já enfrentam desafios econômicos e sociais, agravados pelo avanço do agronegócio e por baixos índices de desenvolvimento humano.

A manifestação ocorreu na comunidade quilombola de Vila União/Campinas e foi dispersada pela Polícia Militar com balas de borracha, gás lacrimogêneo e spray de pimenta. Bombas de efeito moral atingiram casas e até uma escola de Educação Infantil, resultando em ferimentos em manifestantes. Uma criança foi levada ao hospital devido à inalação de gás.

Imagens registraram o momento em que policiais negociavam com os manifestantes antes da repressão. Durante a dispersão, algumas pessoas ficaram feridas e precisaram de atendimento dos bombeiros, enquanto outras foram detidas e encaminhadas à delegacia.

"Foram disparos de balas de borracha, gás e spray de pimenta. Os policiais atiraram para dentro da escola, a diretora desmaiou e uma criança de um ano precisou ser levada ao hospital", relatou a quilombola Líbia Nunes, que estava presente no protesto.

A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) declarou que o envio do Batalhão de Choque ao Marajó teve como objetivo "garantir a ordem pública, assegurar o direito de ir e vir da população e desobstruir a PA-154 para evitar impactos no abastecimento de alimentos".