Agência VOA

28 de novembro de 2016

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Partido mais votado em 2014 retira confiança política ao Presidente da República e militante José Mário Vaz e remete caso ao Conselho de Jurisdição.

O Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) anunciou nesta segunda-feira, 28, que não vai participar no Governo de unidade nacional liderado por Umaro Sissoco Embaló.

O partido mais votado nas eleições de 2014 na Guiné-Bissau considera que Embaló foi nomeado com a sua vontade pelo Presidente da República, José Mário Vaz.

A decisão foi tomada pelo Comité Central com 112 votos a favor e 11 contra, numa reunião realizada no sábado, 26, que retirou a confiança ao Presidente José Mário Vaz.

Na resolução, a força política "reafirma a intenção inabalável da não participação do PAIGC e dos seus militantes no Governo de iniciativa presidencial".

O PAIGC revelou que Augusto Olivais foi o escolhido pelo partido liderado por Domingos Simões Pereira, em detrimento dos restantes dois nomes apresentados pelo Presidente, Sissoco Embaló e Aladje Fadiá.

Em conferência de imprensa hoje, o porta-voz do PAIGC, João Bernardo Vieira, justificou a retirada de confiança no “cidadão e militante José Mário Vaz por ser o principal promotor de toda a grave crise política que tem assolado o país há cerca de dois anos”.

Além disso, Vieira anunciou que o partido vai entregar ao Conselho de Jurisdição provas de violação dos estatutos por parte de José Mário Vaz para eventuais medidas, sem especificar se poderá avançar com a sua expulsão do partido.

A posição do PAIGC, segundo alguns analistas, vai, de certa forma, fragilizar o Governo, tendo em conta a base parlamentar, da qual irá precisar para fazer valer os seus principais instrumentos de governação.

Para o analista Luís Peti, “este Governo não verá aprovado o seu Programa e consequentemente o seu Orçamento, porque a maioria na comissão permanente da Assembleia Nacional Popular continua a ser do PAIGC e vai acontecer tal e qual ao que aconteceu com o Governo de Baciro Djá”.

Luís Peti advoga, entretanto, a dissolução do Parlamento e convocação de eleições legislativas antecipadas como via imediata para atenuar o actual imbróglio político.

“Desde o início desta crise, defendemos a dissolução do Parlamento porque o Presidente da República faz parte do problema, daí que mesmo querendo que a legislatura chegasse ao fim, não será possível”, concluiu aquele analista.

Por enquanto, não há qualquer reacção por parte do novo primeiro-ministro, Umaro Sissoco, sobre a recusa do PAIGC em integrar o Governo.

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