7 de junho de 2005

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O Presidente da Bolívia, Carlos Mesa, apresentou sua renúncia à Presidência da Bolívia. Ele não suportou as pressões recentes contra o governo e do líder dos cocaleiros e oposicionista Evo Morales.

Depois de um enorme bloqueio à capital boliviana, o presidente Carlos Mesa apresentou na noite da segunda-feira sua demissão ao Congresso de seu país. Mesa renuncia por segunda vez ao mandato. Ele já o tinha feito 6 de março passado devido à profunda crise social, política e econômica, que se arrasta há vários meses, por causa de a uma polêmica Lei de Hidrocarbonetos.

Em seu discurso, Mesa declarou que Minha decisão é apresentar minha renúncia ao cargo de presidente da República, uma renúncia que tem um só objetivo: que a sociedade boliviana tome consciência de que o desprendimento tem que ser genuíno, que o cálculo pessoal tem que ficar de lado e que a solução de nossos problemas tem que se basear no melhor interesse de todos.

Os manifestantes, encabeçados pelo líder cocaleiro Evo Morales, exigem a nacionalização das reservas de petróleo e gás com que conta a Bolívia, um dos países mais pobres da América do Sul. A mencionada lei foi a causa da primeira demissão do presidente, retirada cinco dias mais tarde pelo Congresso, depois de um acordo que não foi apoiado pelo MAS, partido do qual faz parte Evo Morales. A lei foi aprovada o 16 de março pela Câmara de Deputados e a 29 do mesmo mês pelo Senado, limitou em 32% as atividades de produção das multinacionais. Mesa propôs adiar as eleições, mas o Congresso recusou a proposta.

Em 6 de maio, o Congresso aprovou a Lei de Hidrocarbonetos com as mudanças debatidas no Senado, mas dia 11, Mesa se negou a ratificá-la e convocou a um encontro dos setores envolvidos para debatê-la. Assim, a 16 de maio a Central Obreira Boliviana convocou a uma greve, que dias mais tarde resultou em protestos e bloqueios. As posições se radicalizaram e os manifestantes, não conformes com a mencionada Lei, começaram a exigir a nacionalização total dos hidrocarbonetos.

Em 25 de maio, dois militares pediram a renúncia de Mesa. Quatro dias depois foram detidos e processados. As manifestações e os bloqueios se intensificaram. A 3 de junho, depois do adiamento por parte do Legislativo de um debate que conduziria à convocação de uma Assembléia Constituinte por falta de quórum, provocada pelos bloqueios, Mesa decidiu convocá-la ele mesmo. Não obstante, ela não foi considerada suficiente pelos sindicatos, camponeses e cocaleiros. Na noite de 6 de junho, depois de violentos distúrbios em La Paz, Mesa voltou a pedir sua renúncia.

Fontes