Agência Brasil

21 de abril de 2018

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Com uma população de mais de 3 milhões de habitantes, o Distrito Federal é um caldeirão de costumes, sotaques e culturas. Nos seus 58 anos, Brasília reúne histórias de migrantes que trocaram sua terra natal pela capital. Pessoas que pensavam em passar apenas uma temporada, mas que constituíram família e não pensam em deixar Brasília.

Gilberto José Zortêa, 41 anos, gaúcho de Erechim, veio para estudar e voltar ao Rio Grande do Sul. O retorno jamais ocorreu. “Cheguei aqui há 22 anos, me formei, construí família e atualmente desejo contribuir para o crescimento da cidade”, disse. “Não me vejo mais morando no Rio Grande. De forma alguma mudaria de Brasília para qualquer outro lugar”, acrescenta.

Foi em Brasília que Zortêa conheceu a mulher, que é brasiliense, e ganhou uma sogra gaúcha e um sogro goiano. “É a mistura dos povos. Cada cultura tem seus sabores e dissabores no Brasil, mas somente Brasília e São Paulo conseguem ter essa perfeita miscigenação.”

Responsável pelo Centro de Tradições Gaúchas (CTG), do qual é “patrão” – termo equivalente a presidente -, Zortêa promove eventos e gosta de reunir pessoas de todos os cantos do país e do mundo. “Temos sócios que não são gaúchos, mas estão sempre nos jantares da tradicional Sexta Nativa onde há comida, música e dança típicas.”

Casa do Ceará

Osmar Alves de Melo, presidente da Casa do Ceará, é de Iguatu (CE). Em 1963, chegou sozinho a Brasília, mas pouco tempo depois veio a família: o pai, a mãe e os 12 irmãos estão na capital federal. Na cidade, ele casou e teve três filhas.

“Sempre pensei que quando me aposentasse iria voltar para o Ceará. Até comprei apartamento. Mas o imóvel virou local para passar as férias”, disse Melo. Hoje, descarta a possibilidade de retornar ao Ceará. “Não volto mais. Tenho até o título de Cidadão Honorário de Brasília e ajudei a construir o parque Olhos d’Água. O cearense é um estado d’alma, leva a cultura, seus costumes e hábitos para onde vai. Não perde a ligação, mesmo não querendo voltar.”, diz.

Pioneiro

O historiador e jornalista Adirson Vasconcelos chegou a Brasília, em 3 de maio de 1957 - veio do Recife para a capital para a cobertura das obras de inauguração. Ele se lembra com carinho do sentimento daquele dia. “O céu azul, com nuvens muito brancas, e o sol me abraçando me deixaram abestado e atônito”, relatou. Três anos depois, resolveu voltar e ficar.

Bem-humorado, Adirson disse da surpresa que teve quando tentou localizar Brasília no mapa. “Não encontrei nada que indicasse a nova capital do Brasil. Brasília fica no fim do mundo. Um amigo me disse: nada disso, é um pouquinho mais longe do que o final do mundo”, brinca.

Do trabalho que seria apenas uma cobertura jornalística, Adirson fez a troca do Recife por Brasília. Segundo ele, na época ouviu do escritor Gilberto Freyre: “As novas gerações que nascerão lá [em Brasília] serão a síntese da miscigenação do Brasil.”

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