18 de junho de 2021

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A ministra da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, Helena Kida, anunciou a criação de uma comissão multidisciplinar para investigar a exploração sexual de reclusas na Penitenciária Feminina de Ndlavela, em Maputo, denunciada pelo Centro de Integridade Pública (CIP).

Membros do CIP, disfarçados de clientes, presenciaram in-loco a exploração de que são alvo as reclusas, revelou Borges Nhamirre, um dos responsáveis pela investigação.

“É uma rede clandestina de guardas prisionais que retira as mulheres para a prostituição forçada fora da cadeia. Durante seis meses, tivemos contato com as reclusas e com os guardas, mas a investigação já vinha acontecendo”, disse Nhamirre.

O CIP apurou que, por cada reclusa entregue a um cliente, os guardas recebem valores que variam de 3.000 a 30.000 meticais (entre 50 a 500 dólares americanos). Os clientes, segundo o Centro, são, geralmente, pessoas bem posicionadas na sociedade que procuram prazer em mulheres que acreditam ter ficado muito tempo sem manter relações sexuais.

As vítimas não podem recusar por temer represálias, apurou o CIP.

Comentando a atuação dos guardas prisionais e direção da cadeia, a ativista Conceição Osório, da Associação de Mulheres de Carreira Jurídica, disse que “é um sistema, uma rede que está bem organizada e que é marcada pela impunidade”. Ela também disse que exigirá a responsabilização dos implicados.

A ministra Helena Kida visitou o local esta semana e disse que manifestava "o repúdio, a nossa indignação, a nossa reprovação pela conduta, que vem contida neste trabalho de investigação jornalística”. Durante a visita, ela escolheu, aleatoriamente, algumas das 97 mulheres presas em Ndlavela para uma entrevista.

Numa entrevista posterior, ela enfatizou que, caso o escândalo se confirme, os prevaricadores e clientes serão responsabilizados.

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