14 de julho de 2022

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Agência VOA

Um grupo armado atacou na noite de quarta-feira (13), uma posição avançada das Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas na aldeia Quinto Congresso, no distrito de Macomia, forçando os soldados a recuare.

Analista moçambicano que este pode ser um prenúncio de um novo ataque mais visível do grupo.

Este é o terceiro ataque a posições das FDS em duas semanas, depois da invasão e saque de material bélico em Mandimba (Nangade) e Pundanhar (Palma), todos eles reivindicados pelo Estado Islâmico.

Uma fonte ligada ao incidente contou à VOA que uma patrulha militar da Força conjunta Moçambique-Ruanda tinha patrulhado a zona do ataque durante o dia, antes dos insurgentes terem invadido e tomado a posição das FDS, onde igualmente capturaram vários tipos de armamentos.

“Na terça-feira, os ruandeses foram até a zona de Nguida e não chegaram a Nkoe e na noite de quarta-feira os insurgentes atacaram em simultâneo Quinto Congresso e Nkoe”, descreveu a fonte na condição de anonimato.

Não há relato de baixas do lado das FDSa, mas alguns soldados continuavam desaparecidos, avançou outra fonte ligada ao ataque.

A Polícia da República de Moçambique (PRM) não respondeu de imediato o pedido de comentário da VOA.

Entretanto, o analista político moçambicano Wilker Dias observa que desde o princípio os grupos armados se abasteceram do armamento das FDS, mas as sucessivas investidas dos insurgentes contra posições militares nas últimas semanas pode ser para saque de material bélico para um novo ataque mais visível do grupo.

“Isso deve ser entendido como um alerta” sobre futuras intenções do grupo armado, defendeu Wilker Dias, insistindo que a captura do material bélico retarda o avanço conseguido pelas tropas estatais e estrangeiras que combatem a insurgência em Cabo Delgado.

“O que surpreende é que as FDS anunciaram que os insurgentes estavam a fazer ataques esporádicos e defensivos, mas vemos ataques a posições militares”, anotou Wilker Dias, sugerindo que as FDS “abriram fissuras ao terem sentido um conforto”, ao acreditarem que os al-shaabab não afetariam as suas posições devido o reforço da tropa.

“O fluxo de fornecimento de armas dos insurgentes permanece localizado”, escreve Jasmine Opperman, que segue o conflito em Cabo Delgado, considerando por isso “um passo para atrás” no aperto do fornecimento de armas, por o grupo ter conseguido capturar o arsenal das Forças de Defesa e Segurança.

Morte e destruição em Nkoe

Dados atualizados indicam que uma criança morreu e um adulto foi ferido por uma bala disparada no ataque de terça-feira à noite à aldeia de maioria cristã, em Nkoe, distrito de Macomia, onde foram incendiadas pelo menos 135 palhotas, forçando uma nova fuga da população.

“Uma criança de 10 anos morreu e um adulto foi baleado na mão”, disse à VOA uma outra fonte, afiançando que parte da população tinha regressado a Nkoe para colher mandioca nas suas plantações.

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